31 dezembro 2005

Bom ano!

Que o ano que se inicia seja melhor sempre e que todos tenham paz, saúde, amor e sabedoria!!!!

30 dezembro 2005

Jack Johnson

Jack Johnson nasceu para ser surfista _ seu playground foi a ilustre Sunset Beach, na famosa Costa Norte de Oahu, no Havaí . Aos 4 anos ele já pegava onda. Aos 12 anos Jack era o amigo de fé de Kelly Slater, “o Michael Jordan do surfe”, diz Johnson. E, aos 17 anos, ele já tinha um patrocinador e uma carreira como astro do circuito de surfe. Nem mesmo um sério acidente que fraturou seu nariz , destruiu seus dentes e deixou-o com 150 pontos em partes variadas do corpo conseguiu arrefecer seu entusiasmo pelo esporte. “As vezes quando você passa da área de segurança você ganha uma novo pique para a vida”, diz Jack.

Jack não queria ser surfista profissional _ “eu temia que isso fosse corromper meu amor pelo esporte” e imaginou que uma carreira como diretor e produtor de filmes de surfe fosse a melhor saída. Foi ao estudar cinema na Universidade da Califórnia em Santa Barbara – outro “antro” de surfistas – que Jack vislumbrou uma nova possibilidade: a música. “Eu sempre era o cara que levava o violão e puxava as músicas em volta da fogueira, na praia”, diz Jack. “ Isso desde garoto, em Sunset. “Músicas de Bob Marley, “Brown Eyed Girl”, de Van Morrison, músicas boas de cantar junto.” Na universidade, Jack começou a compor canções inspiradas pelos seus favoritos _ com resultados surpreendentes: elas rapidamente se tornavam sucessos no circuito esportivo-universitário, e além, levadas para outros países por seus amigos surfistas. Mas ainda assim Jack não se convencia de seus dotes musicais e perseverava numa carreira como documentarista de surfe, Apenas quando a trilha de um de seus filmes, The September Sessions, tornou-se um verdadeiro mega-sucesso pirata no circuito surfe que Jack percebeu que sua música havia criado sua própria onda. Em 2001, com a ajuda, o incentivo e a colaboração de seu ídolo Ben Harper, Jack transformou o material de Sessions em seu álbum de estréia, Brushfire Fairytales. O sucesso foi retumbante, impulsionado por uma turnê americana abrindo para Ben Harper. O trabalho mais recente de Jack Johnson , On and On, lançado este ano , é uma continuação natural do espírito e do estilo de Brushfire Fairytales: moderna música folk temperada de blues, reggae e hip hop, música acústica e orgânica, boa de cantar em volta da fogueira, ou no carro, no chuveiro, na praia.

In Between Dreams Medley
Never Know
Taylor
Sitting Waiting Wishing
Flake
Breakdown
Bubble Toes
Staple It Together
If I Could
Rodeo Clowns
Mudfootball (For Moe Lerner)
Fall Line
No Other Way
Better Together
Banana Pancakes
Gone
It's All Understood
Cookie Jar
Pirate at 40
Heading Home (with Donovon)
Wasting Time
Horizon Has Been Defeated/Bad Fish (with Money Mark)
The News
Inaudible Melodies
Times Like These






Clique nas capas e ouça o cd. Para isto desbloqueei o seu anti pop up!

22 dezembro 2005

Live in Paris 05

Considerada uma das melhores cantoras italianas de todos os tempos, Laura Pausini mostra em seu novo DVD + CD ao vivo - Live in Paris 05 - que não perdeu seu "feeling puro e sincero" que a vem consagrando desde sua aparição no festival de SanRemo em 1993. Hoje, com mais de 25 milhões de discos vendidos em toda sua carreira, ela continua como poucos a se aproximar do coração de milhares de fãs em todo o mundo. Em seu primeiro combo DVD + CD, gravado ao vivo no Zenith em Paris , Laura traz seus maiores sucessos, coroando sua extraordinária "World Tour 2005", que passou por Europa, América do Norte e América Latina, incluindo o Brasil, deixando os fãs ansiosos para conferir o alguns dos 16 maiores sucessos de Laura, incluindo: "La Solitudine" , "Tra Te E Il Mare", "Un´emergenza d´amore", "Incancellabile", "Strani Amori" e muito mais, além, é claro, do DVD que inclui ainda conteúdo extra.

Setlist
1. Gente
2. Un Emegenza D´amore
3. Vivimi
4. Mi Abbandono A Te
5. La Solitudine
6. Benedetta Pasione
7. Non C´e
8. Medley Strani Amore - Lettera Il Mon
9. Resta In Ascolto
10. La Propesttiva Di Me
11. Come Se Non Fosse stato mai amore
12. Tra Te E Il Mare
13. In Assenza Di Te
14. Incancellabile
15. Surrender
16. E Ritorno Da Te
17. Le Cose Che Vivi
18. Esacucha Atento
19. Bendecida Pasion

*Extras:
Escucha Atento Extra Live Track
Bendecida Pasión Bonus Videoclip

Tracklistdo CD
1. Gente (Tracklist) Live
2. Un Emergenza D´ Amore
3. Vivimi
4. La Sollitudine
5. Se Fue
6. Strani Amori
7. Escucha Atento
8. La Prospetiva Di Me
9. Medley Cuando Se Ama
10. Tra Te e Il Mare
11. In Assenza Di Te
12. Incancellabile
13. Surrender
14. E Ritorno Da Te
15. Le Cose Che Vivi

Confira mais no site da Laura em versão Flash e m português www.laurapausini.com

15 dezembro 2005

Assassinatos na Academia Brasileira de Letras


Jô Soares, que dispensa aprresentações chega trazendo e reinventando mais uma vez a fórmula de misturar realidade e ficção: "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, seu mais novo livro. Segue o primeiro capitulo:

... ele sabia que faltava pouco para que a vingança enchesse seu coração de alegria. Repetiu mentalmente o velho provérbio siciliano "La vendetta è un piatto che va servito freddo", até que o ritmo da frase se mesclou com a cadência da respiração. Sabia que só a morte lavaria a honra ofendida. Por duas vezes fora vilipendiado, humilhado. A notícia da recusa, glosada até nos matutinos populares, tornara-o motivo de chacota entre o poviléu. Os falsos amigos comentavam sotto voce, entre sorrisos sarcásticos: "Ele vai tentar de novo e novamente não será aceito. 'Jamais deux sans trois...'". Não lhes daria esse gosto. Seria ele a rir por último. O desagravo tomaria contornos de tragédia. Da sua formação francesa veio-lhe uma frase de Racine: "La vengeance trop faible attire un second crime". "A vingança fraca em demasia atrai um segundo crime." Neste caso não haveria revide. Seus ofensores pagariam com a vida o ultraje. Pensou na perfeita justiça da vindicta: "Enxovalharam-me juntos, morrerão juntos. Na mesma hora". Não foi difícil o acesso à copa, onde se preparavam os quitutes. Como a famulagem não o conhecia, disfarçou-se com o uniforme dos garçons, passando-se por um dos serviçais ajornalados. Trazia o veneno no frasco de prata em que de hábito levava o conhaque. Adicionou o líquido à água quente do chá. A poção libertária faria efeito em poucos segundos. "Finita la commedia!" Divertiu-se vislumbrando a contradição no ca-beçalho dos diários do dia seguinte: MORTOS TODOS OS IMORTAIS. Sim. Os quarenta Imortais da Academia. Os mesmos quarenta que haviam recusado seu ingresso na Casa de Machado de Assis, frustrando um sonho acalentado desde a infância.


O PAIZ
Extraordinário o successo alcançado pelo último livro do senador Belizário Bezerra, o excellente "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras". Como já assinalou esta columna, a obra conta, com muito humor e verve, a história de um mallogrado poeta decidido a vingar-se dos membros da Academia Brasileira de Letras, pois, por duas vêzes, os illustres acadêmicos negaram-lhe aquelles tão cobiçados votos que o acclamariam como "Immortal".

Irônicamente, êste trabalho, que vem coroar uma carreira illuminada por innúmeros successos, deve credenciar inda mais o inspirado auctor para occupar uma cadeira na prestigiosa instituição. Aliás, a de número déz, uma das mais attrahentes daquelle Olympo literário, et pour cause: a cadeira número déz teve Ruy Barbosa como fundador. Escriptor de estylo atrevido e innovador, Bezerra é também um dos políticos mais influentes da República, tendo sido eleito successivamente senador por Pernambuco.

Belizário Bezerra mudar-se-á, nêste mez, do Grande Hotel para o recém-inaugurado hotel Copacabana Palace.

Supplemento Literário
RIO DE JANEIRO, QUARTA-FEIRA, 31 DE OUTUBRO DE 1923

Quarta-feira, 2 de abril de 1924
ANTEVÉSPERA DA IMORTALIZAÇÃO

Ao sair do chuveiro às nove horas da manhã, o senador Belizário Bezerra examinou-se no grande espelho do banheiro da suíte no último andar do Copacabana. Aprovou com um sorriso a imagem que o cristal bisotado lhe devolvia: apesar dos cinqüenta anos, a ginástica sueca praticada diariamente deixava-o com aparência de quarenta. Tinha a convicção de que, além do seu barbeiro, ninguém notava que devia os cabelos negros como azeviche a Auréole, uma nova tinta inventada por Eugène Schueller, fundador da L'Oréal, que ele comprava regularmente em Paris.
Penteava-os para trás, imaculados, com brilhantina Yardley. Não fosse o sotaque carregado e o indefectível terno branco de linho S-120, passaria por um legítimo latin lover do cinema americano. Bem merecera o apelido de Rodolfo Valentino da Zona da Mata. Seus inimigos abreviaram a alcunha para Valentino da Zona. Todos sabiam que Belizário freqüentava os salões das cafetinas mais requintadas do Rio de Janeiro. Ninguém tinha coragem de pronunciar a forma reduzida do apelido na presença dele. O senador era valente e jamais se separava da sua Parabellum, nem mesmo nas sessões do Senado. Sua família, dedicada ao cultivo da cana e às usinas de açúcar desde os tempos de Maurício de Nassau, era proprietária de metade da Zona da Mata pernambucana, devastada pela agricultura canavieira, e exercia influência política sobre a outra metade. A valentia dos Bezerra em Pernambuco era lendária, forjada ainda na luta contra os holandeses.
Considerado por muitos o melhor partido do Rio de Janeiro, eram quase audíveis os suspiros das moças de sociedade quando, nos saraus, ele dizia alguns poemas. Vaidoso como poucos, Belizário nunca se furtava a declamar seus versos pouco inspirados. Diga-se a bem da verdade que os dotes literários dele não chegavam a causar impressão. Sem sua fortuna e influência política, jamais teria sido publicado.
O sucesso de vendas dos livros era creditado, em grande parte, ao próprio autor, que comprava várias edições por intermédio dos secretários e mandava distribuir entre os empregados das suas herdades e usinas. Noventa por cento dos peões eram analfabetos, mas guardavam os livros num relicário ao lado da Bíblia Sagrada.
Mesmo assim, o acadêmico pernambucano Euzébio Fernandes, cujos dotes de poeta só se igualavam aos de articulador, garantira a eleição do senador para a Academia. O poder dos Bezerra estendia-se muito além das fronteiras de Pernambuco. Eram freqüentes as visitas que Belizário fazia ao presidente Arthur Bernardes quando saía do Lamas depois do jantar, indo a pé do restaurante, no largo do Machado, até o palácio do Catete. Ademais, a quantia que doara para ajudar nas instalações da nova sede no Petit Trianon suavizara a imparcialidade dos acadêmicos. O fato de tratar-se da cadeira número 10, que pertencera a Ruy Barbosa, um dos mais notáveis membros fundadores, acrescia honra maior ao evento.
Belizário Bezerra andava esfuziante como um adolescente. Vestiu um dos quarenta ternos brancos do guarda-roupa e saiu do hotel no seu Hispano-Suiza conversível pela avenida Atlântica, assobiando um frevo do último Carnaval de Olinda.

VAIDADE DAS VAIDADES, TUDO É VAIDADE!

O destino do senador era a oficina do alfaiate Camilo Rapozo, no centro da cidade, para os últimos retoques no fardão que usaria dali a dois dias, na noite da posse. O alfaiate esperava-o desde segunda-feira, mas o senador só chegara do Nordeste na terça. Rapozo era o último representante do ateliê de sua família: filho único, não pretendia renunciar à solteirice apenas para perpetuar através da prole a alfaiataria fundada por seu tataravô António Gomes Rapozo, em Lisboa, artífice de cortes e costuras da corte portuguesa e alfaiate do marquês de Pombal. O avô, Apolinário Rapozo, recebera o título de artífice-alfaiatemor de Sua Majestade e chegara ao Brasil trazido por d. João VI, que não lhe dispensava os talentos.
Aos trinta e seis anos, Camilo era um homem musculoso, de tez morena e olhos oblongos, herança dos mouros que ocuparam a península Ibérica. A cabeça, raspada à navalha, ressaltava-lhe o formato oval do rosto. Durante anos, o topo fora parcialmente coberto por poucos cabelos, que ele deixava crescer de um lado até a altura dos ombros e penteava para o outro, por cima do crânio, numa vã tentativa de ocultar a calvície precoce. Fixava o laborioso emaranhado com gomina argentina, que, quando seca, transformava as ralas madeixas numa carapaça negra. O vento era seu pior inimigo. Certa vez, quando se dirigia a pé para casa, uma ventania levantou o tampo construído a duras penas com os fios escassos. Foi nesse momento aviltante que o alfaiate resolveu se livrar do inútil penteado.
Sua maior vaidade era a unha desproporcionalmente longa no dedo mindinho da mão direita. Havia um motivo profissional para aquela discrepância: a unha era uma ferramenta de trabalho, pontiaguda como um pequeno punhal. Rapozo seguia o hábito dos grandes alfaiates de Lisboa, que a usavam para marcar correções no pano quando da primeira prova. Com a concisão de um compasso, ele traçava cír-culos perfeitos, calcando a ponta afiada na trama dos tecidos ingleses. Camilo conhecia os segredos da confecção de uniformes, fardões, redingotes e casacas, segredos que vinham sendo transmitidos por sua família havia dois séculos. Pela prática do ofício, sabia, como poucos, quais os vieses e outros cortes oblíquos que davam um caimento impecável à camurça de lã inglesa do fardão.
Incomparáveis as costuras com fio de ouro francês, o remate dos galões, o leve pregueado das passamanarias, o conforto provocado pelo recorte milimétrico das cavas e, o mais difícil, o peitilho encimado por um colarinho rígido, soberbo, porém inacreditavelmente confortável. Não menos importante era a exatidão do gancho das calças, com folga aconchegante à esquerda e o cós na altura certa. Conhecendo o poder calórico dos quitutes do chá das cinco, o alfaiate de mãos mágicas conseguia esconder, sem prejudicar o corte e os ornamentos, sobras de fazenda dobradas em plissês e bainhas falsas, o que permitia alargar a vestimenta acompanhando a corpulência sedentária dos imortais.
Tantos talentos transformaram Camilo Rapozo no alfaiate oficial da Academia Brasileira de Letras.
ALFAIATARIA DEDAL DE OURO A PROVA DE UM HÁBITO QUE FAZ O MONGE
Belizário Bezerra apertou a campainha, e Camilo, numa reverência, abriu a porta para o celebrado cliente. O alfaiate vestia-se com apuro e trazia presa ao pulso a tradicional almofadinha povoada por dezenas de alfinetes. Empunhava um exemplar do Assassinatos na Academia Brasileira de Letras.
- Será que, antes de experimentar o fardão, o senador pode me dar um autógrafo? - pediu Rapozo, correndo, com livro e caneta, atrás de Belizário, que se dirigia a passos largos para a cabine de prova. Indiferente, sem dizer uma palavra, Bezerra rabiscou seu nome numa caligrafia ilegível.
- Vai demorar? - perguntou. - Tenho reuniões no Senado.
- Não, não! Vou já buscar. Está belíssimo, uma obra-prima! Também, o físico do senador ajuda muito... - disse o alfaiate, adulador.
Largou a caneta e o livro no balcão, e seguiu, com passos miúdos, até os fundos da alfaiataria. Voltou de lá trazendo nos braços o fardão como se fosse a capamagna do papa.
- Nem vai precisar de retoques. É de longe o meu melhor trabalho.
No afã de se vestir, Bezerra pôs logo a parte superior, o que provocou o risinho dissimulado do alfaiate.
Vendo-se no espelho, Belizário percebeu o motivo da chacota: lá estava ele de cuecas e imortal da cintura para cima.
- Vamos com isso que eu não tenho o dia todo - disparou, irritado.
Realmente nada havia a corrigir. A vestimenta sublinhava o porte altivo de Belizário Bezerra. Embevecido, o escrevedor imaginava-se aceitando a nomeação num constrangimento simulado. Aproveitando o momento de enlevo do senador, Camilo atreveu-se:
- E quanto ao pagamento, Imortal? - perguntou, tratando-o pelo título ainda não oficializado. - Será que tarda?
- Você sabe muito bem que é costume o governo do estado natal do escritor oferecer o fardão. Não me meto nisso - respondeu Belizário rispidamente.
Óbvio que Bezerra poderia pagar o vestuário. Embora caríssimo, não era mais do que ele gastava numa noitada com os amigos nos bordéis de luxo das Laranjeiras. Se não o fazia, era apenas por uma questão de vaidade. Era praxe, uma lei não escrita: o estado do imortal morria com a conta do alfaiate. Só que Rapozo não se conformava. Já lhe deviam vários fardões, com a desculpa de que a verba sairia dos cofres públicos.
- Tenha paciência, seu Rapozo! - diziam. - E a glória de ser o homem que veste a Academia?
- Glória não enche a barriga dos meus filhos - retrucava Camilo, que não os tinha nem pretendia tê-los.
O senador dirigiu-se para a saída.
- Entregue amanhã no meu hotel.
Enquanto o alfaiate abria a porta pensando no seu provável prejuízo, Bezerra deu-lhe um envelope. Rapozo animou-se, antevendo a gorda propina. - É um convite para a posse - explicou, magnânimo, o futuro imortal, estendendo o cartão.
- Venha ao hotel antes pra ajudar a me vestir.
- Claro, Excelência. Obrigado, Excelência...
Ao cruzar a soleira, Belizário virou-se rapidamente.
- Ah! Antes que eu me esqueça. - Inclinando-se, passou a mão na cabeça lisa do alfaiate. - É pra dar sorte... - esclareceu, e saiu batendo a porta. O imperturbável mestre alfaiate suspirou, engolindo mais uma vez a humilhação que sentia quando o usavam como amuleto. Sim, porque Camilo Rapozo era anão.
Filho, neto e bisneto de anões alfaiates, todos perfeitos, como os sete da Branca de Neve.

10 dezembro 2005

As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa


Sob a direção de Andrew Adamson, co-diretor de Shrek, a mistura de personagens reais e animação é impressionante. Nas cenas de batalha, alguns movimentos lembram a ação presente em videogames. É de uma façanha notável o foto-realismo de milhares de criaturas e seus movimentos orgânicos surpreendentes, principalmente quando misturados com locações verdadeiras e atores reais.
As séries de O Senhor dos Anéis e Harry Potter mostraram que há espaço para franquias de filmes baseados na literatura fantástica.
A Disney e a Walder Media apostaram neste livro escrito há 55 anos, o primeiro de uma série de sete livros que exploram o universo alternativo de Nárnia.
Nárnia é uma alegoria da história de Cristo. Com certeza as crianças ficarão enredadas pela jornada através de Nárnia, e essa emoção deve se estender para os adultos.
Os cineastas apostaram em criaturas e animais que não foram mencionados ou que foram rapidamente mencionados no livro: de centauros e sátiros da mitologia grega a ursos, hipopótamos, tigres, ogros, gigantes e anões.
Tudo começa em um guarda-roupa em uma Inglaterra sitiada durante a Segunda Guerra Mundial, os quatro irmãos Pevensie - Peter (William Moseley), Susan (Anna Popplewell) e os pequenos Edmund (Skandar Keynes) e Lucy (Georgie Henley) - foram retirados de Londres para o interior do país, onde ficam alojados na grande casa de um professor aposentado (Jim Broadbent). É lá que uma brincadeira de esconde-esconde revela um guarda-roupa encantado.
Para a alegria das crianças, elas descobrem que se forem para os fundos desse móvel vão parar no universo paralelo de Nárnia, uma terra de animais falantes e criaturas fantásticas.
A terra também é coberta de neve, pois Nárnia caiu sob magia da Feiticeira Branca (Tilda Swinton), que obrigou os habitantes a sofrerem 100 anos de inverno - mas sem direito a Natal.
A chegada dos irmãos Pevensie muda tudo isso. Os inimigos da Feiticeira Branca resolvem agir, certos de que "as crianças de Adão e Eva" prenunciam uma antiga profecia. Surgem rumores de que Aslan, o rei leão que há tempos está desaparecido (e que é a figura de Cristo na história), está chegando, pronto para reclamar seu trono.
Com pitadas de humor e de contos de fadas grande parte da produção é passada em estúdios na Nova Zelândia, mas a ação externa é filmada na Polônia, na República Tcheca, na Inglaterra e na Nova Zelândia.
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06 dezembro 2005

O Galinho Chicken Little


Inspirado em uma fábula, Walt Disney produziu no ano de 1943 um desenho chamado CHICKEN LITTLE, onde um pequeno franguinho (Chicken Little) é enganado por Fox Loxy, uma astuta raposa, que tem como principal objetivo devorar todos os animais da fazenda onde Chicken Little vive.
Fox Loxy precisa armar um plano para capturar todos os animaizinhos, e para isso precisa de alguém que acredite em suas mentiras, e adivinhem quem é a vítima? Sim, Chicken Little! Fox Loxy faz o fraguinho acreditar que um pedaço de madeira, é na verdade um pedaço do céu que está caindo. Mas após o galo, responsável pela fazenda, convencer todos de que aquilo não é um pedaço do seu, Fox Loxy usa de sua psicologia para colocar todos contra o galo, e induz Chicken Little a levar todos os animais para um caverna, onde a faminta raposa os espera para um jantar.

O curta que foi produzido em 1943 com o intuito de mostrar à população americana um pouco da psicologia que Hitler usava para convencer os alemães de seus ideais. O desenho não tem um final feliz, sendo uma das poucas produções da Disney onde isso acontece.

62 anos após este curta, a Disney escolheu Chicken Little para estrelar seu primeiro filme totalmente gerado por computador sem a parceria da Pixar. Com um visual muito mais moderno, conceitos e personagens baseados na história do antigo curta, O GALINHO CHICKEN LITTLE estréia em novembro de 2005 e a grande aposta da Disney para iniciar várias produções no ramo dos animados 3D. A versão dublada em português trás Daniel de Oliveira na voz de Chicken Little e Mariana Ximenes na voz de Hebe Marreca.

Em sua nova aventura nos telões, Chicken Little vai enfrentar ameaças vindas do espaço, que prometem trazer com elas boas risadas, personagens marcantes, muitas cenas de ação e cenários bastante coloridos!

Na história o jovem franguinho precisa restabelecer a sua reputação depois que virou piada quando achou que uma bolota caindo de um carvalho era um pedaço do céu que ruía. Mas mal ele se livra do problema e um pedaço do céu cai, de verdade, na sua cabeça! Para não causar um novo pânico na região, ele e seus amigos tentarão segurar o caos sem chamar muita atenção.
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26 novembro 2005

Ponto de Impacto

olá a dica de livro é mais uma obra de Dan Brown - Ponto de Impacto - mais uma obra aclamada pela mídia:"Um excelente suspense com um cenário convincente e uma boa mistura de personagens adoráveis e detestáveis. Sua pesquisa é muito bem feita, encaixando sofisticados detalhes científicos e militares que fazem a história bem mais interessante que a média."Publishers Weekly . "Brown prova mais uma vez que é um dos mais inteligentes e dinâmicos autores do gênero. Altamente recomendável para todas as bibliotecas."Library Journal . "Seu novo livro está à altura de sua reputação de escritor cuja pesquisa e talento fazem com que suas histórias sejam excitantes e difíceis de parar de ler."
Amazon.com...e eu digo que não precisa dizer nada basta ler este pequeno aperitivo...

Prólogo

A morte, naquele lugar deserto e esquecido por todos, podia ter infinitas formas. O geólogo Charles Brophy havia enfrentado o esplendor selvagem daquele terreno durante anos, mas, ainda assim, nada poderia prepará-lo para um destino tão bárbaro e antinatural quanto aquele que em breve encontraria.
Os quatro huskies siberianos que puxavam seu trenó pela tundra subitamente reduziram a marcha, olhando para o céu.
- O que há, rapazes? - perguntou Brophy, descendo do trenó carregado com equipamentos geológicos.
Atravessando as pesadas nuvens que anunciavam uma tempestade, um helicóptero de transporte de dois rotores passou entre os picos glaciais com precisão militar, manobrando em direção ao solo.
Estranho, ele pensou. Nunca havia visto helicópteros tão ao norte. A aeronave pousou a uns 50 metros, levantando um jato de neve granulada. Os cachorros ganiram, assustados.
As portas se abriram e dois homens desceram. Vestidos com uniformes militares brancos apropriados para o frio e armados com rifles, eles caminharam na direção de Brophy com determinação.
- Dr. Brophy?
O geólogo ficou paralisado.
- Como sabe meu nome? Quem são vocês?
- Pegue seu rádio, por favor.
- O quê?
- Faça o que eu disse.
Perplexo, Brophy puxou o rádio de dentro de sua parca.
- Precisamos que você transmita um comunicado de emergência. Ajuste sua freqüência de transmissão para 100 kHz.
100 kHz? Brophy não estava entendendo nada. Ninguém pode receber nada em uma freqüência tão baixa.
- Houve algum acidente?
O outro homem levantou seu rifle e apontou-o para a cabeça de Brophy.
- Não há tempo para explicar. Apenas obedeça.
Tremendo, Brophy ajustou sua freqüência de transmissão. O homem que havia falado primeiro lhe passou um papel com algumas linhas impressas.
- Transmita esta mensagem. Agora.
Brophy olhou para o papel.
- Não entendo. Isto aqui está errado. Eu não...
O homem pressionou o rifle com força contra a cabeça do geólogo.
A voz de Brophy estava trêmula ao enviar a estranha mensagem.
- Muito bem - disse o homem. - Agora pegue seus cães e vamos para o helicóptero.
Sob a mira do rifle, Brophy relutantemente levou seus cães em direção à aeronave e subiu por uma rampa para dentro do compartimento de carga. Assim que se acomodaram, o helicóptero partiu na direção oeste.
- Afinal, quem são vocês? - protestou Brophy, suando frio por baixo de sua parca. E qual era o sentido daquela mensagem?
Os homens permaneceram em silêncio. À medida que o helicóptero ganhava altitude, o vento que entrava pela porta aberta tornava-se insuportavelmente cortante. Os quatro huskies de Brophy, ainda atrelados ao trenó,
uivavam baixinho.
- Pelo menos fechem a maldita porta - exigiu o geólogo. - Meus cachorros estão assustados, vocês não estão vendo?
Eles nada disseram. Quando o helicóptero passou de mil metros de altitude e inclinou-se fortemente sobre uma série de precipícios e fendas no gelo, os homens levantaram-se bruscamente, agarraram o trenó e jogaram-no porta afora. Brophy olhou, aterrorizado, enquanto seus cachorros se debatiam inutilmente, puxados pelo enorme peso do trenó. Em poucos instantes os animais haviam sumido de vista, seus uivos desesperados ecoando ao longe.
Brophy estava de pé, gritando, quando os homens também o pegaram e o empurraram em direção à porta. Em pânico, tentou livrar-se das mãos firmes que procuravam jogá-lo para fora.
Seu esforço foi em vão. Poucos instantes depois, ele também despencou, espaço abaixo, em direção às profundezas do gelo.



CAPÍTULO 1

Local predileto para o mais refinado café-da-manhã dos executivos e políticos de Washington, o restaurante Toulos, próximo ao Capitol Hill, ostenta, com um toque de ironia, um menu politicamente incorreto que inclui até carpaccio de cavalo. Naquela manhã o Toulos estava movimentado - uma cacofonia de prataria sendo remexida, máquinas de café expresso em ação e pessoas falando em seus celulares.
O maître estava bebericando disfarçadamente seu Bloody Mary matinal quando a mulher entrou. Ele se virou, com um sorriso profissional.
- Bom dia. Posso ajudá-la?
Era uma mulher atraente, dos seus trinta e poucos anos, usando uma calça de flanela cinza, blusa de grife marfim e discretos sapatos de salto baixo. Tinha uma postura alinhada e o queixo levemente levantado - o suficiente para demonstrar força sem, contudo, ser arrogante. Seu cabelo era castanho-claro, cortado no estilo “jornal das oito”, o mais popular daquele momento em Washington: elegantemente desfiado e curvado para dentro na altura dos ombros. Longo o bastante para parecer sensual, curto o suficiente para transmitir a quem olhasse a nítida impressão de que a mais inteligente ali era ela.
- Estou um pouco atrasada - disse a mulher. - Marquei um café-da-manhã com o senador Sexton.
O maître sentiu um frio na espinha. O senador Sedgewick Sexton. Era um cliente habitual da casa e, naquele momento, um dos homens mais famosos do país. Na semana anterior, após ter levado a melhor em todas as 12 eleições primárias dos republicanos, o senador havia praticamente garantido sua indicação pelo partido para presidente dos Estados Unidos. Muitos acreditavam que, nas próximas eleições, ele tinha uma ótima chance de vencer a disputa pela Casa Branca contra o atual presidente. Ultimamente o rosto de Sexton parecia estar em todas as revistas, e seu slogan de campanha estava espalhado por todo o país: “Chega de gastar, é hora de reformar.”
- O senador Sexton está em seu reservado - disse o maître. - A quem
devo anunciar?
- Rachel Sexton. Sou filha dele.
Mas que burrice a minha, ele pensou. As semelhanças eram evidentes. A mulher tinha os mesmos olhos penetrantes do senador e a mesma altivez - aquele ar polido de uma nobreza jovial. Era óbvio que a beleza clássica do senador havia sido transmitida à geração seguinte, ainda que Rachel Sexton parecesse lidar com a graça natural que lhe havia sido concedida com uma dignidade recatada que seu pai não possuía.
- É um prazer recebê-la, senhorita Sexton.
O maître acompanhou a filha do senador através do salão, um pouco incomodado com o fogo cruzado de olhares masculinos que a seguiam, com maior ou menor discrição. Poucas mulheres freqüentavam o Toulos, e raramente se via uma tão bela quanto Rachel.
- Belas curvas - sussurrou um cliente. - Será que Sexton finalmente conseguiu arrumar uma nova mulher?
- Aquela é a filha dele, seu idiota - respondeu um outro.
O primeiro homem deu uma risadinha e completou:
- Se conheço Sexton, ele provavelmente transaria com ela mesmo assim.

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Quando Rachel chegou à mesa de seu pai, o senador estava falando em seu celular, bem alto, sobre mais um de seus recentes sucessos. Olhou para ela brevemente, apenas o suficiente para dar um tapinha em seu relógio Cartier, lembrando-a de que estava atrasada.
Também senti sua falta, pensou Rachel.
O nome de seu pai era Thomas, mas há muito tempo que ele optara por usar apenas seu sobrenome. Rachel achava que ele gostava da aliteração. Senador Sedgewick Sexton. Era um político profissional de cabelos grisalhos e fala macia que havia sido agraciado com a aparência de um astro de seriado de televisão, o que parecia bastante adequado, considerando seu talento para disfarces e artimanhas.
- Rachel! - seu pai finalmente desligou o telefone e levantou-se para lhe dar um beijo na bochecha.
- Oi, pai - ela não retornou o beijo.
- Você parece exausta.
Lá vamos nós de novo, pensou ela.
- Recebi seu recado. Aconteceu alguma coisa?
- Puxa! Agora preciso de uma razão para chamar minha filha para tomar café comigo?
Rachel aprendera desde cedo que seu pai raramente a chamava, a não ser que tivesse algo específico em mente.
O senador tomou um gole de café.
- Então, como vai sua vida?
- Ando ocupada. Vejo que sua campanha está indo bem.
- Ah, não vamos falar de negócios. - Sexton inclinou-se ligeiramente sobre a mesa, baixando o tom de voz. - Como vai aquele rapaz do Departamento de Estado que eu lhe apresentei?
Rachel respirou fundo, já se controlando para não olhar para o relógio. A manhã prometia ser longa.
- Pai, definitivamente não tenho tempo de ligar para ele. E eu gostaria muito que você parasse de tentar...
- Você precisa encontrar tempo para as coisas que realmente importam, querida. Sem amor, tudo mais perde o sentido.
Uma enorme quantidade de respostas veio à sua mente, mas Rachel preferiu se manter em silêncio.
- Pai, você queria me ver? Você disse que era importante.
- De fato é. - Ele estudou o rosto da filha atentamente.
Rachel sentiu parte de suas defesas se desfazer diante daquele exame minucioso e amaldiçoou o poder daquele homem. O olhar do senador era a sua maior dádiva - grande o suficiente para levá-lo até à Casa Branca. Seu domínio era tamanho que conseguia ficar com os olhos cheios de lágrimas quando
desejava e, um instante depois, exibir um olhar límpido, como se estivesse abrindo uma janela para sua alma apaixonada, fortalecendo seus laços de boa-fé com os outros. “Confiança é tudo”, seu pai sempre lhe dissera. Embora ele houvesse perdido a confiança de Rachel há anos, agora estava ganhando a
de toda uma nação.
- Queria lhe propor uma coisa - disse o senador.
- Deixe-me adivinhar - respondeu Rachel, tentando retomar sua vantagem. - Algum divorciado de grande prestígio à procura de uma jovem esposa?
- Não se iluda, querida. Você já não é assim tão jovem.
Rachel teve a sensação de estar diminuindo, o que muitas vezes acontecia em seus encontros com o pai.
- Quero lhe dar uma chance, quero lhe oferecer um porto seguro - ele disse.
- Há alguma tempestade vindo na minha direção?
- Na sua, não. Mas no caminho do presidente, sim. E acho melhor você se afastar dele enquanto há tempo.
- Acho que já tivemos essa conversa, não é?
- Pense em seu futuro, Rachel. Venha trabalhar comigo.
- Espero que não tenha me chamado aqui só por causa disso.
O verniz da calma aparente do senador se desfez quase imperceptivelmente.
- Rachel, você não vê o quanto o fato de estar trabalhando para ele repercute negativamente para mim e para minha campanha?
Ela suspirou. Os dois já haviam conversado sobre aquilo.
- Pai, eu não trabalho para o presidente. Eu nunca encontrei o presidente. Eu nem trabalho em Washington, você sabe disso!
- Política é a arte da percepção, Rachel. Para quem olha, parece que você trabalha para o presidente.
Ela respirou fundo, tentando manter a calma.
- Pai, dei duro para conseguir esse emprego e não vou pedir demissão.
Os olhos do senador se fixaram nela.
- Você sabe, tem horas em que sua atitude egoísta é realmente...
- Senador Sexton? - um repórter apareceu do nada e estava agora de pé ao lado da mesa.
A postura de Sexton abrandou-se rapidamente. Rachel resmungou algo e pegou um croissant da cestinha em cima da mesa.
- Ralph Sneeden, do Washington Post - disse o repórter. - Posso lhe fazer algumas perguntas?
O senador sorriu, limpando gentilmente a boca com um guardanapo.
- É um prazer, Ralph. Mas, por favor, não demore. Não quero que meu café esfrie.
O repórter riu, como previa o script.
- Claro, senhor. - Ele tirou do bolso um minigravador e ligou-o. - Senador, sua propaganda na televisão diz que são necessárias leis para garantir igualdade salarial para as mulheres no mercado de trabalho, assim como cortes nos impostos para as famílias recém-formadas. O senhor pode explicar o que pretende com essas propostas?
- Claro. Sou um grande fã de mulheres fortes e de famílias fortes.
Rachel quase se engasgou com o croissant.
- Ainda a respeito das famílias - prosseguiu o repórter -, o senhor tem falado muito sobre a importância da educação e até propôs alguns cortes orçamentários polêmicos para que mais recursos sejam destinados às escolas.
- Acredito que nosso futuro está nas crianças de hoje.
Rachel não podia acreditar que seu pai estivesse recorrendo àquele tipo de lugar-comum.
- Uma última pergunta, senhor - disse o repórter. - Os resultados das pesquisas indicam um enorme avanço de sua candidatura nas últimas semanas. O presidente deve estar preocupado. Algo a dizer sobre esse recente sucesso?
- Acredito que tenha a ver com confiança. Os americanos estão começando a perceber que o presidente não é confiável o bastante para tomar as duras decisões necessárias para garantir o futuro desta nação. Os gastos descontrolados do governo estão afundando o país em uma dívida cada vez maior, e o povo parece ter compreendido que chega de gastar, é hora de reformar.
O alarme do pager de Rachel disparou, interrompendo providencialmente a retórica do pai. O irritante bipe eletrônico que sempre a perturbava soava agora quase como uma melodia.
O senador lançou-lhe um olhar de indignação por ter sido interrompido.
Rachel pegou rapidamente o pager em sua bolsa e digitou a seqüência de cinco teclas que confirmava sua identidade. O ruído eletrônico cessou e a pequena tela começou a piscar. Em 15 segundos ela iria receber uma mensagem de texto codificada.
Sneeden sorriu para o senador.
- Sua filha é obviamente uma mulher ocupada. É reconfortante ver que vocês ainda conseguem encontrar tempo para tomar um café-da-manhã juntos.
- Como eu disse, a família está sempre em primeiro lugar.
Sneeden assentiu e, em seguida, ficou sério, fitando Sexton com um olhar duro.
- Posso perguntar-lhe, senador, como o senhor e sua filha gerenciam seus conflitos de interesses?
- Que conflitos? - O senador inclinou a cabeça em um gesto inocente de aparente perplexidade. - A que você se refere?
Rachel olhou para cima, fazendo uma careta diante da atuação teatral de seu pai. Ela sabia muito bem onde aquilo iria parar. Malditos repórteres, pensou. Metade deles estava na folha de pagamento de algum político. Aquela era uma armação: a pergunta parecia ser dura, mas na verdade era formulada de maneira a favorecer o senador. Uma bola lenta jogada no ponto exato para que seu pai pudesse acertar uma tacada em cheio, marcando um belo ponto e esclarecendo algumas coisas no meio tempo.
- Bem, senhor... - o repórter tossiu, querendo mostrar-se pouco à vontade. - O conflito diz respeito ao fato de sua filha trabalhar para seu oponente.
O senador Sexton deu uma gargalhada, retirando instantaneamente toda a tensão da pergunta.
- Ralph, em primeiro lugar, eu e o presidente não somos oponentes. Somos apenas dois patriotas que possuem idéias divergentes sobre como administrar o país que amamos.
O repórter abriu um largo sorriso. Tinha conseguido chegar aonde queria.
- E em segundo lugar?
- Em segundo lugar, minha filha não trabalha para o presidente. Ela trabalha para a comunidade de inteligência. Analisa relatórios de inteligência e os envia para a Casa Branca. É uma posição relativamente baixa na hierarquia.
- Fez uma pausa e olhou para Rachel. - Na verdade, querida, acho que você nem mesmo chegou a se encontrar pessoalmente com o presidente, não é?
Rachel encarou-o, soltando faíscas pelos olhos. Seu bipe emitiu um outro som e ela olhou para a tela.

-RPRT DIRNRO IMED-

Ela decifrou mentalmente a mensagem abreviada e franziu a testa. A mensagem era inesperada e provavelmente traria más notícias. Bem, pelo menos tinha um motivo para sair dali.
- Senhores, lamento profundamente, mas preciso ir embora. Estou atrasada para o trabalho.
- Senhorita Sexton - atalhou o repórter rapidamente -, antes de sair, será que você poderia responder a uma pergunta? Há rumores de que esta reunião matinal era para discutir a possibilidade de que você deixasse seu cargo para trabalhar na campanha de seu pai. É verdade?
Rachel sentiu seu rosto pegando fogo como se tivesse sido atingida por uma xícara de café quente. A pergunta pegou-a totalmente desprevenida. Ela olhou para o pai e percebeu, por trás de seu sorriso forçado, que a pergunta havia sido previamente combinada. Teve vontade de subir na mesa e atacá-lo com um garfo.
O repórter enfiou o gravador na cara dela.
- Senhorita Sexton?
Ela olhou firme para o repórter, furiosa.
- Ralph, ou seja lá quem você for, preste atenção: não tenho a menor intenção de abandonar meu cargo para trabalhar para o senador Sexton. Se você publicar algo diferente, irá precisar de ajuda médica para tirar esse gravador de onde vou enfiá-lo.
O repórter arregalou os olhos, espantado, e desligou o gravador, escondendo um risinho.
- Agradeço a ambos - disse, sumindo de vista.
Rachel arrependeu-se logo de seu acesso de raiva. Havia herdado o temperamento do pai e odiava isso. Calma, Rachel. Muita calma.
Seu pai lançou-lhe um olhar de desaprovação.
- Seria bom se você aprendesse a manter a calma.
Ela começou a pegar suas coisas.
- Nossa reunião está terminada.
O senador parecia também não ter mais nada a dizer e puxou seu celular para fazer uma chamada.
- Adeus, querida. Dê uma passada no escritório um dia desses para me dizer “oi”. E encontre um homem para se casar, pelo amor de Deus. Você já está
com 33 anos.
- Trinta e quatro - respondeu, ríspida. - Sua secretária me enviou um cartão.
Ele balançou a cabeça, contrariado.
- Trinta e quatro. Uma balzaquiana solteirona. Você sabe, aos 34 anos, eu
já tinha...
- Casado com minha mãe e ido para a cama com a vizinha? - As palavras saíram num tom um pouco mais alto do que ela pretendia, num sincronismo absolutamente perfeito e desafortunado com uma daquelas pausas que costumam ocorrer no burburinho dos restaurantes. Parecia que ela estava falando sozinha para todo o salão. As pessoas se viraram para olhá-la.
O senador Sexton a encarou com um olhar gélido.
- Tome cuidado com o que diz, minha jovem.
Rachel não respondeu, apenas dirigiu-se para a saída. Não, você é quem deve tomar cuidado, senador.

25 novembro 2005

Anjos e Demônios

Esse livro é um bom exemplo de como se deve ter atenção com a leitura...primeira aventura de Robert Langdon, ainda sem Sofie...(O Código da Vinci)..leia e comente!!!!!!

Fato

O maior estabelecimento de pesquisa científica do mundo - Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire (CERN) -, na Suíça, recentemente conseguiu produzir as primeiras partículas de antimatéria. A antimatéria é idêntica à matéria física, exceto por ser composta de partículas cujas descargas elétricas são inversas àquelas encontradas na matéria normal.
A antimatéria é a mais poderosa fonte de energia conhecida pelo homem. Libera energia com 100 por cento de eficiência (a fissão nuclear é 1,5 por cento eficiente). A antimatéria não é poluente nem radioativa, e bastaria uma gota para abastecer a cidade de Nova York de energia por um dia inteiro.
Há, porém, uma ressalva...
A antimatéria é extremamente instável. Incendeia-se ao entrar em contato com qualquer coisa, inclusive o ar. Um único grama de antimatéria contém energia igual à de uma bomba nuclear de 20 quilotons - o tamanho da bomba que caiu sobre Hiroshima.
Até bem recentemente, a antimatéria tinha sido criada apenas em quantidades bem reduzidas (alguns átomos por vez). Agora, porém, o CERN começou a trabalhar com o novo desacelerador de antiprótons - um avançado aparelho que promete criar antimatéria em quantidades maiores.
Resta uma pergunta: será que essa substância tão volátil vai salvar o mundo ou será usada para gerar a mais mortífera arma de todos os tempos?


Prólogo


O físico Leonardo Vetra sentiu cheiro de carne queimada e sabia que era a sua. Levantou os olhos, aterrorizado, para a figura sombria que o dominava.
- O que você quer?
- La chiave - respondeu a voz rascante. - A senha.
- Mas eu não…
O intruso curvou-se de novo para a frente, pressionando com mais força o objeto em brasa no peito de Vetra. Ouviu-se um chiado de carne grelhando.
Vetra gritou alto, agoniado.
- Não existe senha nenhuma! - E sentiu que mergulhava na inconsciência.
O rosto do homem encheu-se de uma fúria contida.
- Ne avevo paura. Era o que eu temia.
Vetra esforçou-se para manter os sentidos, mas a escuridão envolvia-o pouco a pouco. Seu único consolo era saber que o agressor jamais obteria o que viera buscar. Um momento mais tarde, porém, o homem fez aparecer uma lâmina e ergueu-a diante do rosto de Vetra. A lâmina adejou no ar. Precisa. Cirúrgica.
- Pelo amor de Deus! - gritou Vetra.
Mas era tarde demais.


CAPÍTULO 1

Do alto da pirâmide de Gizé, a jovem riu e voltou-se para ele, lá embaixo, chamando-o.
- Ande, Robert! Devia ter me casado com um homem mais moço! - O sorriso dela era mágico.
Ele tentou acompanhá-la, mas suas pernas pesavam como se fossem feitas de pedra.
- Espere - pediu. - Por favor…
Enquanto subia, sua vista começou a turvar-se. Seus ouvidos latejavam. Preciso alcançá-la! Mas, quando olhou de novo para cima, a mulher desaparecera. Em seu lugar havia um velho de dentes estragados. O homem encarou-o, os lábios torcendo-se em uma careta melancólica. E ele deixou escapar um grito de angústia que ressoou pelo deserto.
Robert Langdon acordou sobressaltado do pesadelo. O telefone ao lado de sua cama estava tocando. Tonto, levou-o ao ouvido.
- Alô?
- Gostaria de falar com Robert Langdon - disse uma voz masculina.
Langdon sentou-se na cama e tentou clarear sua mente.
- Aqui… é Robert Langdon - e apertou os olhos para o mostrador do relógio digital. Eram 5h18 da madrugada.
- Preciso encontrá-lo imediatamente.
- Quem está falando?
- Meu nome é Maximilian Kohler. Sou um físico de Partículas Discretas.
- Um o quê? - Langdon mal conseguia se concentrar. - Tem certeza de que procurou o Langdon certo?
- O senhor é professor de Simbologia Religiosa na Universidade de Harvard. Escreveu três livros sobre simbologia e…
- Sabe que horas são?
- Peço desculpas. Há uma coisa que precisa ver. Não posso explicar pelo telefone.
Um resmungo conformado escapou dos lábios de Langdon. Aquilo já acontecera antes. Um dos perigos de se escrever livros sobre simbologia religiosa era o chamado de fanáticos querendo que ele confirmasse o último sinal que haviam recebido de Deus. No mês anterior, uma stripper de Oklahoma prometera a Langdon a melhor sessão de sexo de sua vida se ele pegasse um avião até
a cidade dela para verificar a autenticidade de uma figura cruciforme que aparecera magicamente nos lençóis de sua cama. O sudário de Tulsa, como Langdon a chamara.
- Como conseguiu o número do meu telefone? - Langdon tentou ser amável, apesar da hora.
- Na Internet. No site do seu livro.
Langdon franziu a testa. Tinha certeza de que o número do telefone de sua casa não constava do site de seu livro. O homem obviamente estava mentindo.
- Preciso vê-lo - a voz do outro lado insistiu. - Vou pagar bem.
Agora Langdon estava ficando furioso.
- Sinto muito, mas eu…
- Se sair agora, pode estar aqui por volta de…
- Não vou a lugar nenhum! São cinco horas da manhã!
Langdon desligou e caiu de volta na cama. Fechou os olhos e tentou adormecer novamente. Não adiantou. O sonho estava entranhado em sua mente. Relutante, vestiu um roupão e desceu.



Robert Langdon perambulou descalço por sua casa deserta, uma construção vitoriana em Massachusetts, segurando seu remédio habitual contra a insônia: uma caneca de chocolate instantâneo fumegante. O luar de abril filtrava-se pelas janelas da sacada e formava desenhos nos tapetes orientais. Os colegas de Langdon sempre brincavam que o lugar parecia mais um museu de antropologia do que uma casa. As prateleiras estavam cheias de artefatos religiosos de todo o mundo - um akuaba de Gana, uma cruz dourada da Espanha, um ídolo cicladense do Egeu e um ainda mais raro boccus de Bornéu, o símbolo da perpétua juventude de um jovem guerreiro.
Sentado em uma arca de latão maharishi e saboreando o chocolate quente, deu com o seu reflexo nas vidraças das janelas. A imagem estava distorcida e pálida… como a de um fantasma. Um fantasma envelhecido, pensou, sendo cruelmente lembrado de que o seu espírito da mocidade vivia dentro de um invólucro mortal.
Apesar de não ser propriamente bonito no sentido clássico, Langdon, com seus quarenta e cinco anos, possuía o que as colegas do sexo feminino classificavam de um encanto “erudito” - mechas grisalhas misturadas ao espesso cabelo castanho, perspicazes olhos azuis, uma voz grave atraente e o sorriso forte e despreocupado de um atleta universitário. Membro da equipe de mergulho da faculdade, Langdon ainda tinha um corpo de nadador, um metro e oitenta de boa forma, que ele mantinha cuidadosamente com 2.500 metros diários de exercício na piscina da universidade.
Seus amigos sempre o viram como uma espécie de enigma - um homem que pertencia a séculos diferentes. Nos fins de semana, viam-no andando pelo pátio da universidade vestido de jeans e conversando sobre computação gráfica e história religiosa com os alunos; outras vezes, aparecia com seu paletó de tweed e colete paisley nas páginas de importantes revistas de arte em aberturas de exposições de museus para as quais era convidado a dar palestras.
Mesmo sendo um professor rigoroso e muito severo quanto à disciplina, Langdon era o primeiro a acolher o que chamava de “a arte perdida de uma boa brincadeira”. Apreciava os momentos de divertimento com um fanatismo contagiante, o que lhe valera uma aceitação fraternal entre seus alunos. Seu apelido no campus, “Golfinho”, era uma referência tanto à sua natureza afável quanto à sua lendária capacidade de mergulhar em uma piscina e confundir a estratégia de toda a equipe adversária em um jogo de pólo aquático.
Enquanto estava ali, sozinho, olhando distraído para a escuridão, o silêncio da casa foi quebrado novamente, dessa vez pelo toque da máquina de fax. Exausto demais para se incomodar, Langdon forçou uma risadinha cansada.
O povo de Deus, pensou. Dois mil anos de espera pelo Messias e eles ainda são de uma persistência infernal.
Entediado, deixou a caneca vazia na cozinha e foi andando devagar para seu escritório revestido de painéis de carvalho. O fax recém-chegado estava na bandeja da máquina. Suspirando, pegou a folha de papel e olhou para ela.
No mesmo instante foi tomado por uma onda de náusea.
A imagem na página era a de um cadáver humano. O corpo fora despido e a cabeça fora torcida, virada completamente para trás. No peito da vítima havia uma terrível queimadura. O homem fora marcado a fogo… com uma única palavra. Uma palavra que Langdon conhecia bem, muito bem. Ele olhou fixamente, incrédulo, para as letras desenhadas.







- Illuminati - ele gaguejou, o coração batendo forte. Não pode ser…
Lentamente, temendo o que estava para presenciar, Langdon girou o papel 180 graus. Olhou para a palavra de cabeça para baixo.
E quase perdeu o fôlego. Era como se tivesse sido atropelado por um caminhão. Mal acreditando em seus olhos, virou a folha de novo, lendo a palavra nas duas posições.
- Illuminati - murmurou.
Aturdido, deixou-se cair em uma cadeira. Ficou ali por um momento, totalmente desnorteado. Aos poucos, sua atenção voltou-se para a luz vermelha que piscava na máquina. Quem mandara o fax ainda estava na linha… esperando para falar. Langdon contemplou durante longo tempo o ponto luminoso piscando.
Depois, trêmulo, levantou o fone.





CAPÍTULO 2

Vai me dar atenção agora? - disse o homem quando Langdon finalmente atendeu o telefone.
- Sim, senhor, com certeza, agora vou. Pode explicar melhor?
- Foi o que tentei lhe contar antes - a voz era rígida, mecânica. - Sou físico. Dirijo uma organização de pesquisas. Aconteceu um crime e o senhor viu o fax.
- Como me encontrou? - Langdon mal conseguia se concentrar na conversa. Sua mente estava na imagem no fax.
- Já lhe disse. Na Internet, no site de seu livro A arte dos Illuminati.
Langdon procurou reunir seus pensamentos. Seu livro era praticamente desconhecido nos círculos literários convencionais mas tivera uma repercussão bastante significativa on-line. Ainda assim, a explicação não fazia sentido.
- A página não traz informações para contato - Langdon desafiou-o. - Tenho certeza disto.
- No laboratório tenho gente que é especialista em extrair informações sobre os usuários da Internet.
Langdon ainda estava meio cético.
- Parece que seu laboratório sabe tudo sobre a Internet.
- Claro - o outro disparou -, fomos nós que a inventamos.
Algo na voz do homem dizia que ele não estava brincando.
- Preciso vê-lo - insistiu. - Não é assunto para se tratar pelo telefone. Meu laboratório fica a apenas uma hora de vôo de Boston.
Na penumbra de seu escritório, Langdon analisou o fax que tinha em mãos. A imagem era estarrecedora, talvez representasse a maior descoberta epigráfica do século, uma década de suas pesquisas confirmada em um único símbolo.
- É urgente - a voz pressionou-o.
Os olhos de Langdon estavam fixos na queimadura. Illuminati, ele lia sem parar. Seu trabalho sempre se baseara no equivalente simbólico dos fósseis - documentos antigos e boatos históricos -, mas aquela imagem diante dele representava o hoje. O tempo presente. Sentia-se como um paleontólogo que dá de cara com um dinossauro vivo.
- Tomei a liberdade de mandar um avião buscá-lo - disse a voz. - Vai estar em Boston dentro de 20 minutos.
Langdon sentiu a boca seca. Uma hora de vôo…
- Por favor, desculpe minha impertinência - continuou o homem. - Preciso do senhor aqui.
Langdon olhou outra vez para a imagem no fax - um antigo mito confirmado em preto-e-branco. As implicações eram assustadoras. Levantou um olhar ausente para as janelas. Os primeiros vestígios da aurora insinuavam-se por entre os galhos das bétulas dos fundos de sua casa, mas a vista de alguma forma parecia diferente naquela manhã. À medida que uma estranha mistura de medo e animação ia tomando conta dele, Langdon percebeu que não tinha escolha.
- O senhor me convenceu - falou ele. - Agora me diga onde encontrar o avião.

24 novembro 2005

Fortaleza Digital

Neste fim de semana vou colocar trechos dos livros do Dan Brown - Leiam e comentem!!!!!!
Antes de estourar no mundo inteiro com O Código Da Vinci, Dan Brown já demonstrava um talento singular como contador de histórias no seu primeiro livro, Fortaleza Digital, lançado em 1998 nos Estados Unidos.
Muitos dos ingredientes que, anos depois, fariam com que o autor fosse reconhecido como um novo mestre dos livros de ação e suspense já estavam presentes no seu romance de estréia: a narrativa rápida, a trama repleta de reviravoltas que prendem o leitor da primeira à última página e o fascínio exercido por códigos secretos, criptografia e enigmas misteriosos.
Em Fortaleza Digital, Brown mergulha no intrigante universo dos serviços de informação e ambienta sua história na ultra-secreta e multibilionária NSA, a Agência de Segurança Nacional americana, mais poderosa do que a CIA ou qualquer outra organização de inteligência do mundo.
Quando o supercomputador da NSA, até então considerado uma arma invencível para decodificar mensagens terroristas transmitidas pela Internet, se depara com um novo código que não pode ser quebrado, a agência recorre à sua mais brilhante criptógrafa, a bela matemática Susan Fletcher.
Presa numa teia de segredos e mentiras, sem saber em quem confiar, Susan precisa encontrar a chave do engenhoso código para evitar o maior desastre da história da inteligência americana e para salvar a sua vida e a do homem que ama.
Uma corrida desesperada se desenrola paralelamente nos corredores do submundo do poder, nos arranha-céus de Tóquio e nas ruas de Sevilha. É uma batalha de vida ou morte que pode mudar para sempre o equilíbrio de forças no mundo.
"Fortaleza Digital é o melhor e mais realístico suspense tecnológico lançado em muitos anos. A habilidade de Dan Brown para tratar do conflito entre as liberdades individuais e as questões de segurança nacional é impressionante... Impossível não ficar arrepiado a cada página."*

Prólogo


Plaza de España
Sevilha, Espanha
11h da manhã

Dizem que, quando chega a hora da morte, tudo se torna claro. Ensei Tankado sabia agora que isso era verdade. Quando caiu no chão com fortes dores, apertando o peito com a mão, percebeu a dimensão terrível do seu erro.
Algumas pessoas se aproximaram, cercando-o e tentando ajudar. Mas Tankado não queria ajuda. Era tarde demais.
Levantou a mão esquerda, tremendo, e esticou os dedos. Olhem para a minha mão! As pessoas em volta olhavam, mas ele percebia que não estavam entendendo.
Em um de seus dedos havia um anel dourado entalhado. Por um breve instante, as inscrições do anel reluziram ao sol da Andaluzia. Ensei Tankado sabia que essa seria a última luz que jamais veria.

CAPÍTULO 1

Estavam no seu hotel preferido nas Smoky Mountains. David olhava para ela, sorrindo.
- Então, querida, o que me diz? Vamos nos casar?
Deitada na cama, ela devolveu o olhar. Aquele era o homem certo. Para sempre. Enquanto admirava seus profundos olhos verdes, em algum lugar distante uma campainha começou a tocar. Ela tentou abraçá-lo, mas seus braços encontraram apenas o vazio.
O ruído do telefone acabou despertando Susan Fletcher do seu sonho. Ela suspirou, sentou-se na cama e tateou em volta, procurando o telefone.
- Alô?
- Oi, Susan, é o David. Eu te acordei?
Ela sorriu, rolando na cama.
- Estava sonhando com você. Vem pra cá ficar comigo...
Ele riu.
- Ainda está escuro lá fora.
- Humm - ela murmurou, sensualmente -, então você tem mesmo que vir pra cá. Vamos brincar. Podemos dormir um pouco antes de viajar.
David soltou um suspiro de frustração.
- É por isso que estou ligando. Vamos ter que adiar nossa viagem.
Susan acordou totalmente, como se tivesse levado um soco.
- O quê?
- Mil desculpas. Vou ter que viajar, mas volto amanhã. Podemos partir para as montanhas bem cedo e ainda teremos dois dias.
- Mas já fiz as reservas - disse Susan, contrariada.
- Consegui nosso quarto predileto no Stone Manor.
- Eu sei, mas é que...
- Essa é uma data especial, íamos comemorar nossos seis meses. Você ainda lembra que estamos noivos, não é?
- Susan, não posso explicar os detalhes agora - ele suspirou. - Eles mandaram um carro que está me esperando lá fora. Ligo do avião e explico tudo depois.
- Avião? - perguntou, espantada. - O que está acontecendo? Por que a sua universidade...?
- Não é a universidade. Ligo depois e explico. Preciso ir agora, estão me chamando. Entro em contato assim que puder, prometo.
- David! - ela gritou. - O que está...
Ele já havia desligado.
Susan Fletcher ficou acordada durante horas, esperando que ele ligasse, mas o telefone não tocou.

***

Mais tarde, naquela mesma manhã, Susan sentia-se abandonada. Resolveu tomar um banho. Entrou na banheira e afundou a cabeça na água, tentando esquecer o Stone Manor e as Smoky Mountains. Onde será que ele está? Por que não ligou ainda?
Aos poucos, a água quente foi ficando morna, depois fria, e ela estava se preparando para sair do banho quando o telefone deu sinal de vida. Levantou-se com pressa, espalhando água pelo chão enquanto agarrava o aparelho que havia deixado sobre a pia.
- David?
- Não, é Strathmore - respondeu a voz do outro lado.
Susan desmoronou.
- Ah... - Foi incapaz de esconder seu desapontamento.
- Boa tarde, comandante.
- Você estava esperando alguém mais jovem, talvez? - ele respondeu, brincando.
- Não, senhor - disse Susan, desconcertada. - Não foi o que eu...
- Claro que sim! - ele disse, rindo. - David Becker é um bom sujeito. Não o deixe escapar.
- Obrigada, senhor.
O comandante mudou de tom e falou com uma voz grave:
- Susan, estou ligando porque preciso de você aqui. Imediatamente.
Ela tentou se concentrar.
- É sábado, senhor. Em geral nós não...
- Eu sei - ele disse calmamente. - Mas é uma emergência.
Susan sentou-se. Emergência? Era a primeira vez que ouvia o comandante Strathmore dizer isso. Uma emergência? No Departamento de Criptografia? Não conseguia imaginar o que poderia ser.
- S-sim, senhor. - Fez uma pausa. - Vou chegar aí o mais rápido possível.
- Não demore - disse Strathmore e desligou.
De pé, enrolada na toalha, Susan ficou olhando as gotas de água caírem sobre as roupas que havia cuidadosamente separado na noite anterior - shorts para usar em caminhadas, um suéter para as tardes frias da montanha e a nova lingerie que comprara para as noites tórridas. Deprimida, foi até o armário pegar uma blusa e uma saia. Uma emergência?
Enquanto descia as escadas, ela pensava no que mais poderia dar errado naquele dia.
Em breve iria descobrir.

CAPÍTULO 2




Trinta mil pés acima das águas plácidas do oceano, David Becker fixava o olhar, abatido, através da pequena janela oval do Learjet 60. O telefone de bordo não estava funcionando, e ele não pôde ligar para Susan.
O que estou fazendo aqui?, resmungou para si mesmo. A resposta era simples: há pessoas para as quais não se diz "não".
- Sr. Becker - disse uma voz pelo alto-falante -, chegaremos dentro de meia hora.
Becker balançou a cabeça melancolicamente ao ouvir a voz invisível. Excelente. Fechou a proteção da janela e tentou dormir. Mas só conseguia pensar em Susan.

CAPÍTULO 3

Susan parou seu Volvo logo abaixo da cerca de arame farpado de três metros de altura. Um jovem guarda apoiou as mãos no teto do carro.
- Sua identificação, por favor.
Susan lhe entregou o documento e olhou para o infinito, enquanto esperava o guarda passar seu cartão por um leitor computadorizado.
- Obrigado, senhorita Fletcher. - O guarda fez um sinal discreto e o portão se abriu.
Quinhentos metros à frente, Susan repetiu o procedimento diante de outra cerca de arame farpado igualmente imponente. Vamos, lá rapazes... Esta é só a milionésima vez que venho aqui.
Ao se aproximar da última guarita, um sentinela musculoso, segurando dois cães de guarda e uma metralhadora, olhou para sua placa e fez sinal para que prosseguisse. Ela seguiu a Canine Road por mais alguns metros, depois estacionou na área C, reservada para funcionários. Inacreditável, pensou. Eles têm 26 mil empregados e um orçamento de 12 milhões de dólares - será que não conseguem passar um fim de semana sem mim? Susan estacionou o carro na vaga e desligou o motor, contrariada.
Atravessou os impecáveis jardins, entrou no prédio, passou por mais duas verificações de segurança e finalmente chegou ao túnel sem janelas que levava à nova ala. Uma cabine com um sistema de reconhecimento de voz bloqueava sua passagem.
National Security Agency (NSA)
Departamento de criptografia
somente pessoal autorizado

O guarda armado olhou para ela.
- Boa tarde, senhorita Fletcher.
Susan sorriu, cansada.
- Oi, John.
- Não esperava vê-la aqui hoje.
- É, nem eu. - Ela se aproximou do microfone parabólico e disse, em voz clara: "Susan Fletcher." O computador reconheceu o espectro de freqüências de sua voz e o portão se abriu. Ela entrou.

***

O guarda observou Susan enquanto ela ia andando pelo corredor. Notou que seus vibrantes olhos castanhos pareciam meio distantes, mas seu rosto exibia um certo frescor, e os cabelos castanhos, na altura do ombro, ainda estavam úmidos. Ela deixava atrás de si um suave perfume de talco para bebês. O sentinela percorreu com os olhos suas costas bem torneadas, observando a blusa branca com a marca do sutiã quase invisível por baixo. Desceu o olhar pela saia até chegar às pernas - as famosas pernas de Susan Fletcher.
Difícil imaginar que elas sustentam um QI de 170, ele pensou.
Ficou olhando para ela por um bom tempo, até que sua silhueta sumiu ao longe.

***

Quando Susan chegou ao final do túnel, uma porta circular, parecida com a de um cofre, bloqueava sua passagem. Havia uma placa com letras grandes que dizia: criptografia.
Com um suspiro resignado, colocou a mão sobre o teclado numérico embutido na parede e digitou seu código pessoal de cinco dígitos. Alguns segundos depois, a porta de 12 toneladas de aço começou a girar. Susan tentava se concentrar, mas seus pensamentos acabavam voltando para ele.
David Becker. O único homem que havia amado em toda a sua vida. O mais jovem professor titular da Universidade de Georgetown, brilhante especialista em línguas estrangeiras e praticamente uma celebridade no mundo acadêmico. Dotado de uma memória prodigiosa e profundo amante das línguas, dominava seis dialetos da Ásia, assim como espanhol, francês e italiano. Suas palestras na universidade sobre etimologia e lingüística eram concorridíssimas, e ele geralmente se estendia muito além do horário para poder responder à enxurrada de perguntas da platéia. Falava com autoridade e entusiasmo, aparentando indiferença em relação aos olhares de admiração das suas alunas, fascinadas com um professor famoso.
Becker era um homem de 35 anos, moreno e forte, cheio de vitalidade. Tinha olhos verdes e uma inteligência à altura de seu porte. Seu queixo quadrado e feições bem marcadas faziam com que Susan se lembrasse de uma estátua de mármore. Com mais de um metro e oitenta de altura, jogava squash com uma rapidez que surpreendia seus colegas. Depois de massacrar seu oponente na quadra, ele costumava se refrescar enfiando a cabeça embaixo de um bebedouro e deixando a água escorrer pelo cabelo espesso e preto. Então, ainda pingando, em geral tomava uma vitamina de frutas com um sanduíche em companhia do adversário.
O salário que a universidade lhe pagava era modesto como o de qualquer outro professor em início de carreira. Algumas vezes, quando precisava renovar sua anuidade no clube de squash ou colocar um novo encordoamento de tripas em sua velha raquete Dunlop, conseguia algum dinheiro extra fazendo trabalhos de tradução para agências do governo em Washington ou nos arredores. Foi num desses trabalhos que conheceu Susan.
Era uma manhã fresca durante as férias de outono, e Becker voltava de sua corrida matinal para o apartamento de três quartos cedido pela universidade. Viu que havia recados na secretária eletrônica. Tomou um grande copo de suco de laranja enquanto ouvia o recado. A mensagem era parecida com muitas outras que já tinha recebido: uma agência do governo estava requisitando seus serviços de tradução naquela mesma manhã. A única coisa peculiar é que Becker nunca tinha ouvido falar dessa organização específica.
- É chamada de National Security Agency. Agência de Segurança Nacional - disse Becker, telefonando para alguns colegas em busca de informações.
A resposta era sempre a mesma:
- Você está falando do Conselho de Segurança Nacional?
Becker ouviu de novo a mensagem.
- Não. Eles disseram "agência". A sigla é NSA.
- Nunca ouvi falar.
Becker verificou a listagem oficial de agências e organizações governamentais, mas também não encontrou nada. Confuso, ligou para um de seus velhos companheiros de squash, um ex-analista político que trabalhava como assistente de pesquisa na Biblioteca do Congresso. David ficou um pouco chocado com a explicação.
Não apenas a NSA existia de fato, como era também considerada uma das organizações mais influentes do mundo. Coletava informações de inteligência de todo o planeta e protegia informações secretas norte-americanas há mais de 50 anos. Apenas 3% dos americanos tinham conhecimento de sua existência.
Seu amigo brincou com ele.
- NSA significa: Ninguém Sabe dessa Agência.
Preocupado e curioso ao mesmo tempo, Becker aceitou a oferta da agência misteriosa. Percorreu os 60 quilômetros até a central de operações da NSA, que ocupava 350 mil metros quadrados discretamente escondidos pelas verdejantes colinas de Fort Meade, em Maryland. Depois de ter passado por inúmeras verificações de segurança e ter recebido um passe de visitante com holograma, válido por seis horas, foi levado até um luxuoso laboratório onde lhe disseram que iria passar a tarde fornecendo "suporte cego" ao Departamento de Criptografia, um grupo de elite de gênios matemáticos responsáveis por decifrar todo tipo de códigos.
Durante uma hora, os criptógrafos pareciam não ter sequer notado que Becker estava presente. Iam e vinham em torno de uma enorme mesa e falavam usando termos que Becker nunca tinha ouvido antes. Falavam de cifras de fluxo, geradores autodecimados, variantes knapsack, protocolos de conhecimento zero, pontos de unicidade. Becker limitou-se a observar, completamente perdido. Rascunhavam símbolos em papel quadriculado, debruçavam-se sobre listagens de computadores e se referiam constantemente à massa ilegível de texto que estava sendo exibida no projetor.

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Após algum tempo, um deles aproximou-se e explicou a Becker aquilo que ele mesmo já havia deduzido. O texto todo bagunçado era um código - um texto cifrado, ou criptograma -, grupos de números e letras que representavam palavras encriptadas. O trabalho dos criptógrafos era estudar o código e extrair dali a mensagem original, ou mensagem clara. A NSA chamou Becker porque suspeitava que a mensagem tinha
sido escrita no dialeto mandarim da língua chinesa. Ele deveria traduzir os símbolos assim que os criptógrafos os decifrassem.
Durante duas horas, Becker interpretou uma sucessão sem fim de símbolos em mandarim. Mas todas as vezes que fazia uma tradução, os criptógrafos sacudiam a cabeça, em completo desespero. Aparentemente, o código não fazia sentido. Tentando ajudar da melhor forma possível, Becker lhes disse que todos os caracteres traduzidos até então tinham uma particularidade: eram caracteres Kanji. No mesmo instante o burburinho que tomava conta da sala cessou. O chefe das operações, um fumante inveterado e magricela chamado Morante, virou-se para Becker, espantado:
- Você quer dizer que estes símbolos possuem múltiplos significados?
Becker disse que sim. Explicou que Kanji era um sistema de escrita japonesa baseado em caracteres chineses modificados. Até então, ele estava traduzindo-os como se fossem mandarim porque era isso que lhe tinham pedido.
- Meu Deus! - disse Morante, tossindo. - Vamos tentar o Kanji.
Como num passe de mágica, subitamente tudo fez sentido.
Os criptógrafos ficaram muito impressionados, mas, ainda assim, fizeram com que Becker trabalhasse nos caracteres fora de ordem.
- É para sua própria proteção - disse Morante. - Assim você não tem como saber o que está traduzindo.
Becker riu. Mas ninguém à sua volta estava rindo.
Quando o código finalmente foi quebrado, Becker não tinha idéia dos segredos sombrios que teria ajudado a revelar, mas uma coisa era certa: a NSA levava aquele assunto muito a sério. O cheque que lhe deram equivalia a mais de um mês de seu salário na universidade.
Quando estava saindo, passando pelos muitos postos de segurança ao longo do corredor principal, sua passagem foi bloqueada por um guarda que acabara de desligar o telefone.
- Sr. Becker, aguarde aqui, por favor.
- Algum problema? - Becker não esperava que o trabalho demorasse tanto e estava começando a se atrasar para sua partida de squash dos sábados à tarde.
- A chefe da Criptografia quer falar com você. Ela está vindo para cá - disse o guarda.
Ela? - Becker riu. Não tinha visto nenhuma mulher desde que pisara na NSA.
- Há algo de errado nisso? - disse uma voz feminina atrás dele.
Becker virou-se e sentiu o rosto corar. Olhou para o crachá na blusa da mulher. A chefe do Departamento de Criptografia da NSA não era só uma mulher, era uma linda mulher.
- Não - ele disse, atrapalhando-se com as palavras. - Eu só...
- Susan Fletcher - disse ela, sorrindo e estendendo-lhe a mão delicada.
Becker cumprimentou-a.
- David Becker.
- Parabéns, Sr. Becker, soube que fez um bom trabalho hoje. Podemos conversar um pouco?
Ele hesitou.
- Na verdade, estou com um pouco de pressa. - Ficou pensando se era realmente sensato não dar atenção à agência de inteligência mais poderosa do mundo, mas sua partida de squash iria começar em pouco menos de uma hora e ele tinha uma reputação a manter: David Becker jamais se atrasava para o squash... Para as aulas, talvez, mas nunca para o squash.
- Serei breve - disse Susan Fletcher, sorridente. - Por aqui, por favor.
Dez minutos depois, Becker estava na cantina da NSA, comendo salgadinhos e tomando um suco de frutas com a adorável chefe da Criptografia. David percebeu rapidamente que aquela moça de 38 anos não estava ocupando um alto cargo na NSA por mero acaso: era uma das mulheres mais inteligentes que já havia encontrado. Enquanto conversavam sobre códigos e como decifrá-los, Becker teve que se esforçar para não se perder na conversa, o que era uma experiência nova e estimulante para ele.
Um hora depois, quando Becker já tinha deixado de lado sua partida de squash, e Susan, por sua vez, havia ignorado completamente três chamadas pelo sistema interno de comunicação, ambos estavam achando tudo aquilo muito engraçado. Lá estavam eles, duas mentes altamente racionais e analíticas, supostamente imunes a paixões súbitas, mas, enquanto discutiam morfologia, lingüística e geradores de números pseudo-aleatórios, sentiam-se como um casal de adolescentes, como se houvesse fogos estourando a seu redor.
Naquele dia, Susan não chegou a tocar no assunto pelo qual havia originalmente chamado David para aquela conversa: queria convidá-lo para trabalhar, durante um período de teste, na Divisão de Criptografia Asiática. Mas o jovem professor falava com tanta paixão de suas aulas que Susan percebeu que ele nunca deixaria a universidade. E não quis estragar o clima com assuntos de negócios. Sentia-se novamente como uma adolescente e não queria que nada atrapalhasse isso. E assim foi.

***

A fase inicial do relacionamento foi lenta e romântica: momentos roubados sempre que as agendas de ambos permitiam, longos passeios pelo campus da Universidade de Georgetown, um café já tarde da noite no Merlutti, algumas palestras e concertos. Susan percebeu que nunca tinha rido tanto em sua vida. David conseguia fazer com que todas as coisas parecessem engraçadas. Era uma boa forma de relaxar da tensão do trabalho na NSA.
Ela adorava se lembrar de uma tarde fresca de outono em que os dois ficaram assistindo a uma partida de futebol e falando bobagem.
- Qual é mesmo o esporte que você disse que pratica? - perguntou Susan, zombeteira. - Splash? É na água?
Becker olhou torto para ela:
- Chama-se squash.
Ela lançou um olhar vago, como se não houvesse entendido.
- É parecido com tênis, mas a quadra é menor - ele continuou.
Susan encostou o ombro no dele, carinhosamente.
- E você? - perguntou Becker. - Pratica algum esporte?
- Sou faixa-preta em spinning.
Becker fez cara de total desprezo.
- Prefiro esportes onde se possa vencer.
Susan sorriu.
- Conheço alguém que é competitivo...
Susan chegou mais perto de Becker e sussurrou no ouvido dele:
- Doutor.
Ele virou-se e olhou para ela, sem entender.
- Doutor - ela repetiu. - Me diga a primeira coisa que lhe vier à cabeça.
Becker continuava olhando, meio desconfiado.
- Livre associação?
- Procedimento-padrão da NSA. Preciso saber com quem estou andando... - Ela olhou para ele muito seriamente e repetiu:
- Doutor.
Becker deu de ombros.
- Seuss, o dos livros infantis.
Susan olhou de volta com um sorriso torto.
- Tá bom, vamos tentar outra: cozinha.
Ele não hesitou:
- Quarto.
Susan levantou as sobrancelhas.
- Mais uma... gato.
- Tripas.
- Tripas?
- É. Tripas... Mais especificamente, tripa de gato. É o encordoamento de raquetes de squash usado por todos os campeões.
- Que simpático - ela resmungou.
- Seu diagnóstico? - perguntou Becker.
Susan refletiu e disse:
- Você é infantil, viciado em squash e sexualmente frustrado.
Becker deu de ombros.
- Acho que é mais ou menos isso.

23 novembro 2005

Norah Jones

Co-produzido por Jones e Arif Mardin, o CD traz toda a banda atualmente em turnê com a artista, além de convidados muito especiais: Dolly Parton, Levon Helm e Garth Hudson (The Band), o baterista Brian Blade, os guitarristas Jesse Harris e Tony Scherr e o tecladista Rob Burger.
O primeiro single de Feels like home será a música "Sunrise", co-escrita por Jones e seu baixista, Lee Alexander.
Dois anos após o lançamento do álbum multi-platina, Come Away with Me, vencedor de todos os Grammy a que concorreu, Norah Jones retorna com uma excepcional coleção de novas canções. Feels Like Home traz a cantora, pianista e compositora novamente ao lado do produtor Arif Mardin, o engenheiro de som Jay Newland e sua banda de turnê. Jones apresenta canções compostas por ela, membros de sua banda e pelo escritor e cantor Richard Julian. Ela também mostra versões de músicas como "Be Here To Love Me", de Townes Van Zandt, e "Melancholia", de Duke Ellington, para a qual ela escreveu uma letra e rebatizou como "Don't Miss You At All".
Para o novo trabalho, Jones não quis convocar músicos estrelados, preferindo permanecer com a sua banda de shows, os guitarristas Adam Levy e Kevin Breit, o tecladista e backing vocal Daru Oda, o baixista Lee Alexander e o baterista Andrew Borger. "Eu não quis uma gravação enorme, exageradamente produzida", revela Norah Jones. "Além disso, a banda está tocando junta regularmente há dois anos e colocá-la em estúdio é algo muito gostoso. Gravar o novo álbum foi divertido porque já nos conhecemos tão bem. A abordagem dele foi a mesma que utilizamos para o primeiro: escolhemos boas músicas, muitas escritas pela banda, e tentamos trabalhá-las da melhor maneira possível. Estou realmente muito feliz com o resultado", completou a artista.
Em Feels like home, assim como fez em seu primeiro trabalho, Jones visita uma gama enorme de estilos, dando a eles toques de country, jazz e pop. Porém, a artista deixou um pouco de lado o clima tranqüilo e melódico de Come Away with Me, preferindo aumentar o ritmo do novo álbum para refletir a evolução de suas performances ao vivo. "Bem, todas as novas canções também têm o mesmo ritmo, mas nós demos um pouco de velocidade extra a algumas delas", comenta a artista. O primeiro single do CD, "Sunrise" (co-escrita por Jones e Alexander) tem um clima pra cima e alegre, a faixa "Above Ground" (de Daru Oda e Andrew Borger) brinca com o funk, "In the Morning" (Adam Levy) traz Jones experimentando as lamentações do blues com um solo de orgão Wurlitzer. A música foi uma das primeiras novidades a serem introduzidas nos shows da turnê de Come away with me.
Uma das mais alegres músicas de Feels Like Home, "Creepin' In", uma típica quadrilha norte-americana escrita por Lee Alexander, quase não entrou no CD. Entretanto, depois que Norah esteve em Nashville para cantar com Dolly Parton no Country Music Awards 2003, ela decidiu convidar a lendária artista para dividir os vocais da canção. "Nós perguntamos a Dolly se ela gostaria de cantar no álbum e ela aceitou. Estávamos muito nervosos quando ela foi ao estúdio. Não queríamos apenas que ela chegasse e gravasse seus vocais. Queríamos tocar ao vivo, ao lado dela. Aí ela chegou e cantou a plenos pulmões. Ficou incrível", disse Jones sobre a parceria.
Igualmente empolgante para a cantora foi a participação do baterista Levon Helm e do tecladista Garth Hudson. A dupla é parte do grupo The Band e foi convidada por Norah Jones para ajudá-la a finalizar "What Am I to You", música que ela não conseguia acertar. "Eles a deixaram perfeita na segunda tentativa", comentou Jones. "Isso foi ótimo porque eles haviam acabado de aprender a música. Foi muito especial. Eles são ótimos".
Jones escreveu ou co-escreveu diversas músicas de Feels Like Home, incluindo uma que ela compôs há quatro anos. Na época, ela escreveu uma letra para a instrumental "Melancholia", de Duke Ellington, e a rebatizou como "Don't Miss You At All". A canção foi apresentada diversas vezes em shows e no início da carreira de Jones, como uma fita demo. Agora, ela decidiu inseri-la no novo álbum, especialmente porque o presidente da Blue Note, Bruce Lundvall, adorou a música. "Eu não planejei escrever a letra dessa música, o simples fato de pensar em mexer numa composição de Ellington me assustou muito. Mas fui inspirada por ela", revelou Norah.
Segundo o co-produtor Arif Mardin, "a música de Norah me atinge direto no coração. Ela realmente toca as pessoas". Sobre a popularidade da artista logo em sua estréia, Mardin comenta que "as pessoas estavam prontas para uma música com sentimento. Norah é a vanguarda de uma nova geração de artistas pop, pela qual o público anseia. Os fãs da música querem artistas de verdade como Norah Jones".

22 novembro 2005

keane

Poucos trios soaram tão ricos e melodiosos em toda a história recente do pop-rock. E tão românticos. O que os ingleses do Keane fazem usando apenas voz, piano e bateria é quase milagroso. Lembra os melhores momentos de Elton John em começo de carreira ­ com pitadas mais modernas de algo do Radiohead e do Coldplay.
Nas palavras do jornal inglês Sunday Times, ao resenhar o single "Everybody¹s Changing", simplesmente "puro pop romântico". Sobretudo, o Keane soa como nenhuma outra banda: a assinatura de Tom Chaplin (vocais), Tim Rice-Oxley (Piano) e Richard Hughes (bateria) é única.
A banda existe desde 1997, mas foi somente quando gravou "Everybody¹s Changing" que ganhou atenção nacional ­ graças ao radialista Steve Lamacq, estrela da programação indie da Radio 1 da BBC. Steve considerou a faixa ­ gravada com pouquíssimos recursos técnicos ­ uma das melhores de toda a trajetória da gravadora Fierce Panda, lar, também, de bandas como Supergrass, Idlewild South e Coldplay.
Hoje, o Keane é sucesso internacional, graças a "Somewhere Only We Know" ­ uma das canções mais cativantes do rádio atual. E o álbum Hopes and Fears é saudado com elogios no mundo inteiro. "Contém mais ganchos que toda a carreira de muita gente", elogiou a Rolling Stone. "Britânicos provam que o piano é a nova guitarra", proclamou a Blender.
Só não chame o Keane de saudosista ou retrô. "Ouvimos muita gente dizer que gostaria de ter vivido nos 60", diz Tom Chaplin. "Mas estamos muito felizes onde estamos. Amamos os rocks antigos, mas temos a possibilidade de acrescentar alguma coisa nessa história. Afinal de contas, melodias nunca saem de moda".

Grande promessa do rock 2004, o grupo inglês Keane chega ao mercado brasileiro com o cd HOPES AND FEARS. Os hits "Everybody's Changing" e "Somewhere Only We Know", aprovados inicialmente na internet já éfebre das paradas. O Trio formado por baixo, bateria e piano, vem conquistando a crítica especializada e construindo, rapidamente, uma legião de fãs com seu rock melódico.




HOPES AND FEARS
tracklist:

1 - Somewhere Only We Know
2 - This Is The Last Time
3 - Bend & Break
4 - We Might As Well Be Strangers
5 - Everybody�s Changing
6 - Your Eyes Open
7 - She Has No Time
8 - Can�t Stop Now
9 - Sunshine
10 - Untitled 1
11 - Bedshaped

21 novembro 2005

Joss Stone

"Para mim, pessoalmente, Mind, Body and Soul é minha verdadeira estréia". As palavras de Joss Stone podem surpreender fãs da cantora de 17 anos de Devon, Inglaterra: sua primeira gravação pela S-Curve, The Soul Sessions, estabeleceu Stone como talvez a vocalista mais precocemente talentosa de sua geração. Mas o lançamento, de setembro de 2003, admite Joss, "começou como um projeto paralelo e tornou-se algo muito grande." "Não era minha intenção", ela acrescenta com uma risada alegremente modesta, "mas as pessoas não paravam de comprá-lo." Alguns desses compradores ficaram intrigados com a surpreendente seleção do disco de pérolas do soul raramente cantadas. Outros foram convertidos depois de pesada exibição na VH1/MTV/MTV2 de seu primeiro videoclipe, "Fell in Love with a Boy", ou pelos crescentes shows de Joss, confiantes e animados. Alguns se renderam às cintilantes performances no programa da NBC "The Tonight Show", ao especial da ABC Motown 45 e à inclusão das músicas de Stone em séries famosas de televisão como "The West Wing," "ER" e "Third Watch". No verão de 2004, The Soul Sessions foi certificado ouro nos EUA (com vendas de mais de 675,000 unidades), já tendo vendido mais de duas milhões de cópias mundialmente. O disco chegou a Número Um na parada da Billboard "Heatseekers" em fevereiro de 2004; entrou no Top 40 americano em abril de 2004, e chegou ao Top Dez em 13 países mundo afora. Ouça as performances dinâmicas e confiantes que estão em Mind, Body and Soul - do apaixonado primeiro single "You Had Me" até a jocosa faixa dance "Don't Cha Wanna Ride", passando pela apaixonante balada rock-soul "Killing Time". Então lembre-se de que quando Joss Stone foi para o selo S-Curve, baseado em Nova York, ela nunca havia feito um disco antes ou se apresentado ao vivo com uma banda diante do público. Mas o que já havia feito - usando as palavras da co-escritora, arranjadora vocal e mentora de Joss Betty Wright - foi um "presente de Deus", uma voz de força, sentimento e sensibilidade ímpares. "Acho que minha forma de cantar está tão melhor nesse álbum", diz nossa senhorita Stone. "Sua voz nunca pode ser a mesma, quando você começa a cantar ao vivo tanto quanto eu fiz no ano passado". Joss co-escreveu 11 das 14 músicas em seu novo disco, incluindo colaborações com veteranos como Lamont Dozier e Desmond Child. "Tive muito mais confiança em mim mesma como compositora do que teria tido há um ano", admite. A comovente faixa de abertura "Right to Be Wrong" e a harmoniosa "Jet Lag" foram gravadas por Joss e seus músicos juntos em tempo real. De fato, a cantora teria preferido editar todo Mind, Body and Soul à sua moda "mas como eu estava fazendo shows entre as sessões, ficava impossível gravar tudo dessa maneira. Ainda assim, quando você escuta as faixas, a forma de tocar da banda é muito viva. Não há superprodução e nem muita programação de qualquer tipo." Repetindo o surpreendente sucesso de Soul Sessions, a equipe de Steve Greenberg, Mike Mangini e Betty Wright produziram todas faixas, com a exceção de três, em Mind, Body and Soul, e o estelar elenco traz o guitarrista Willie "Little Beaver" Hale, o pianista Benny Latimore e o organista Timmy Thomas. Esses três veteranos do auge da música soul de Miami de meados dos anos 70 se reuniram em 2003 para The Soul Sessions por outro de seu colega, a cantora, compositora e arranjadora vocal Betty Wright. Outros colaboradores de Mind, Body and Soul incluem o guitarrista AJ Nilo, o multi-instrumentalista Angelo Morris e os bateristas Cindy Blackman e David "Jody" Hill. Nile Rodgers, do CHIC, toca guitarra em "You Had Me", e o dueto de hip-hop soul Jazzyfatnastees (colegas de Joss do selo S-Curve) acrescenta vocais de fundo em "Jet Lag" e "Security". Angie Stone toca Rhodes em "Security" e ?uestlove of The Roots toca bateria em "Sleep Like A Child". O primeiro clipe do álbum "You Had Me" é dirigido por Chris Robinson, cujos créditos incluem clipes de grande sucesso para Usher, Alicia Keys, Jay-Z & Beyonce e Lenny Kravitz. "O caminho de sua carreira libertou Joss de ter de ser apresentada através de algum tipo de single inovador", diz o fundador, presidente e residente filósofo do soul da S-Curve Records, Steve Greenberg. "Hoje, um público internacional está aguardando seu novo álbum porque Joss Stone é uma talentosa artista que canta excelente músicas. Ela não precisa mais de um single de tendência - e isso é algo libertador para uma jovem cantora." Com o lançamento em setembro de 2004 de Mind, Body and Soul, Joss Stone voltará às estradas - lugar que tornou-se sua segunda casa. No período de um ano ela apresentou-se em toda parte, desde o íntimo Joe's Pub em Manhattan ao grandioso Glastonbury Festival na Inglaterra. A vida de turnê tem seus estresses e tensões, mas parece agradar Joss. "É atribulada. Mas eu gosto, sabe - é muito excitante. E cantar é divertido. Cantar é fantástico." [As histórias por trás das músicas] "YOU HAD ME" "Não tenho raiva das pessoas, mas também não aceito m***a. Não quero ser tratada com desdém - nenhuma mulher quer. Então 'You Had Me' é uma para as meninas." (Joss Stone) "'You Had Me' foi gravada em 14 de agosto de 2003 em Nova York por uma incrível banda incluindo Nile Rodgers na guitarra, Jack Daley no baixo e Cindy Blackman na bateria. Eles tocaram a música ao vivo no estúdio por quase 15 minutos - simplesmente foi rolando porque o clima estava muito bom. Por fim, os músicos terminaram essa excelente gravação - que sabíamos que seria a usada - e pressionaram o botão 'Salvar' no computador. Literalmente dois segundos depois de o botão ser pressionado, as luzes se apagaram no estúdio. Betty Wright disse, 'Vocês tocaram tão forte, que apagaram as luzes!' Ainda não sabíamos que estávamos no meio do Grande Blackout do Leste, de 2003. Se a banda tivesse tocado por até mesmo 30 segundos a mais, não teríamos conseguido dar um 'Salvar' - e a versão mágica teria se perdido." (Steve Greenberg) "DON'T CHA WANNA RIDE" "Amo essa - é uma divertida música que realmente te anima, como uma boa faixa de boates. Eu e Betty escrevemos essa música na mesma sessão que escrevemos 'Right to Be Wrong.' Infelizmente, o demo ficou medonho! Mas quando a estávamos cantando a capela no estúdio, Steve Greenberg disse, 'nossa, soa tão melhor assim.' E ele teve a idéia de colocar o sample de 'Soulful Strut' abaixo do que já havíamos feito." (JS) "Originalmente essa era uma música muito diferente intitulada 'Bling Bling.' Para um sample do hit de 1968 por Young-Holt Unlimited, usamos meu single 45 rpm vintage - completo com chiados." (SG) "SPOILED" "Fui para a Califórnia para trabalhar com Lamont Dozier e seu filho Beau. Foi provavelmente a melhor sessão de composição que tive até hoje, e 'Spoiled' é minha música preferida em Mind, Body and Soul. "Lamont e Beau já tinham o conceito e alguns dos acordes. Eles disseram, 'Bem, podemos mudá-lo se você quiser', mas eu disse 'Não vou mudar nada escrito por Lamont Dozier, de jeito nenhum!' Juntamos tudo em um dia, fizemos o demo lá mesmo em nosso estúdio caseiro." (JS) "'Spoiled' é um sonho realizado de fãs do soul. Foi co-escrita por uma lenda do soul de Detroit, Lamont Dozier do Holland/Dozier/Holland. A seção de ritmo inclui músicos da essência do som de soul de Miami dos anos 70. Os instrumentos de cordas e sopro receberam arranjos de Thom Bell, um arquiteto de 'The Sound of Philadelphia' através de Gamble & Huff e os Spinners. Então pela primeira vez na história do soul, Philly conhece a Motown na praia em Miami." (SG) "LESS IS MORE" "Jonathan Shorten, Connor Reeve, e eu escrevemos essa juntos, além de 'Snakes and Ladders' e 'Jet Lag.' Eles estavam entre os primeiros com quem trabalhei, e eu os agradeço por me ensinar como a escrever canções - simplesmente por estar no mesmo quarto que eles! Connor Reeve é um surpreendente cantor e já fez grandes discos, mas agora ele se concentra em compor." (JS) "Essa é uma grande faixa de pop-reggae produzida por Commissioner Gordon, que foi um importante colaborador no Miseducation, de Lauryn Hill. Delroy 'Chris' Cooper (bateria) e Earl 'Chinna' Smith (guitarra) estão entre os dez maiores músicos de estúdio da música jamaicana, apesar de 'Less Is More' ter sido gravada na semi-tropical Nova Jersey." (SG) "TORN AND TATTERED" "Steve tinha essa guardada por anos. Gostei da música desde a primeira vez que a escutei." (JS) "'Torn and Tattered' foi escrita por Ben Wolf e Andy Dean, também conhecidos como Boilerhouse Boys. Foi a primeira coisa que tocaram para mim, na primeira vez que os conheci em 1990, e o demo foi cantado pelo seu co-autor Austin Howard. Em 1992, eu produzi uma versão por um cantor chamado Jay Williams que tinha o grande Steve Cropper [da Booker T. & the MGs] na guitarra, mas nunca foi lançada. Dez anos depois, em 2002, Ben e Andy me ligaram para dizer que tinham ouvido um demo da maior cantora da Inglaterra - uma menina chamada Joss Stone. Então foi simplesmente adequado que o Boilerhouse Boys fosse aos EUA para produzir a versão de Joss de 'Torn and Tattered' - dessa vez com outro lendário músico do soul, Willie 'Little Beaver' Hale, na guitarra." (SG) "KILLING TIME" "Beth Gibbons da Portishead é nossa vizinha em Devon - ela mora na nossa rua. Mas principalmente devido à minha agenda, Betty e eu tivemos que fazer essa música pelo telefone!" (JS) "A faixa da banda para 'Killing Time' foi uma jam session tardia. O que você ouve no álbum é uma gravação, e a única já gravada pela seção de ritmo. O trabalho de guitarra de Little Beaver é incrível - um de seus melhores sons gravados - e Jody Hill está ótimo na bateria." (SG) "RIGHT TO BE WRONG" "Essa música pode parecer apontada para os críticos - sabem, as pessoas que disseram que eu não deveria cantar esse tipo de música. Mas eu comecei a escrevê-la há muito tempo, antes de The Soul Sessions, antes mesmo de ter críticas. Poderia ter cantado 'Right to Be Wrong' quando tinha 12, sério mesmo, sobre pessoas da escola. Talvez quando eu tiver 25, não vou mais estar cantando essa. Você deve aprender com seus erros, em vez de repetí-los." (JS)

1- SUPER DUPER LOVE
2- JET LAG
3- DON'T KNOW HOW
4- THE CHOKIN' KIND
5- YOU HAD ME
6- SPOILED
7- DON'T CHA WANNA RIDE
8- VICTIM OF A FOOLISH HEART
9- LESS IS MORE
10- RIGHT TO BE WRONG
11- FELL IN LOVE WITH A BOY
12- SOME KIND OF WONDERFUL
13- DIRTY MAN
14- FELL IN LOVE WITH A BOY
15- SUPER DUPER LOVE
16- YOU HAD ME
17- MINI DOCUMENTARY
18- OUT TAKES

1- RIGHT TO BE WRONG
2- JET LAG
3- YOU HAD ME
4- SPOILED
5- DON'T CHA WANNA RIDE
6- LESS IS MORE
7- SECURITY
8- YOUNG AT HEART
9- SNAKES AND LADDERS
10- UNDERSTAND
11- DON'T KNOW HOW
12- TORN AND TATTERED
13- KILLING TIME
14- SLEEP LIKE A CHILD

também disponível ~em edição especial com DVD e três músicas Bônus

15 - The Right Time
16 - God Only Knows
17 - Calling It Christmas (Radio Edit)

DISCO 2 (DVD)
1 - You Had Me
2 - Right To Be Wrong
3 - Spoiled
4 - Don't Cha Wanna Ride
5 - Mind Body & Soul EPK (making of do disco e tour)


1- THE CHOCKIN' KIND
2- SUPER DUPER LOVE
3- FELL IN LOVE WITH A GIRL
4- VICTIM OF A FOOLISH HEART
5- DIRTY MAN
6- SOME KIND OF WONDERFUL
7- I'VE FALLEN IN LOVE WITH YOU
8- I HAD A DREAM
9- ALL THE KING'S HORSES
10- FOR THE LOVE

Clique nas capas pra ouvir algumas músicas

 
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