28 abril 2009

Myllena - Quando

Revelação do surpreendente 'Garagem do Faustão' a mineira Myllena é uma grata surpresa, pero no mucho, das terras mineiras que j´nos deu Milton Nascimento, Ana Carolina, Skank e afins! Confira!



Quando
Myllena e Banda
Composição: Myllena

Quando eu quis me aproximar
Você fingiu que não me via
Quando eu fui me declarar
Você fugiu para outra esquina
Quando eu quis parar você
E quando eu fui te convencer...

Quando a minha mão firmou
Você sorriu... eu trepidava
Quando o furacão passou
A tua boca é que ventava
Se eu parasse o tempo ali
E eu não tivesse mais que ir

Você me acompanhava
E me daria a mão?
Na sua calmaria
Eu ia ser vulcão...
E quando o sol se for
E o frio me tocar
É com você que eu vou estar

26 abril 2009

Vanessa da Mata- Pirraça (Ao Vivo)

24 abril 2009

Alex Rider Contra Stormbreaker


A série "Alex Rider" conta a história de um menino que foi recrutado pelo serviço secreto britânico logo após a misteriosa morte de seu tutor.

Leia o primeiro Capito:

VOZ DE ENTERRO

Quando a campainha toca às três da madrugada, notícia boa não é.

Alex Rider acordou logo no primeiro toque. Seus olhos se arregalaram, mas por um instante ele ficou completamente imóvel na cama, de costas, cabeça largada no travesseiro.Ouviu o som de uma porta se abrindo e um rangido de madeira,como se alguém estivesse descendo as escadas. A campainha tocou pela segunda vez, e ele olhou para o despertador brilhando ao seu lado: 3h02. Ouviu um tilintar, como se alguém tivesse deslizado a corrente de segurança da porta da frente.

Ele pulou da cama e foi até a janela aberta, os pés descalços afundando o carpete.A luz da lua espalhou-se por seu peito e seus ombros. Alex tinha catorze anos, corpo bem desenvolvido, atlético. Cabelo claro e curto,a não ser a franja, que caía repartida sobre a testa, olhos castanhos e sérios. Ficou calado, meio escondido na penumbra, só observando. Um carro de polícia estava estacionado lá fora. Da janela no segundo andar,Alex conseguia ver o número preto do carro na capota e o quepe dos dois policiais que aguardavam à porta.A luz da entrada se acendeu, e, ao mesmo tempo, a porta se abriu.

"A senhora é Mrs. Rider?"

"Não. Sou a governanta. O que foi? O que aconteceu?"

"Esta é a casa de Mr. Ian Rider?"

"Sim."

"Podemos entrar?"

E Alex já sabia de tudo. Soube pelo jeito dos policiais parados lá embaixo, constrangidos e tristes. Mas também pressentiu alguma coisa pelo tom de voz deles.Voz de enterro - era como ele se referiria a isso depois. O tipo de voz que as pessoas usam quando vêm dizer que alguém muito próximo morreu.

Foi até a porta do quarto e a abriu. Ouviu os dois policiais falando lá embaixo, na saleta de entrada, mas só distinguia algumas palavras. "acidente de carro chamaram a ambulância UTI ninguém pôde fazer nada sentimos muito."

Só umas horas depois, sentado na cozinha,vendo a luz cinzenta da manhã penetrar lentamente nas ruas da zona oeste de Londres,foi que Alex caiu em si.Seu tio - Ian Rider -tinha morrido.Quando voltava para casa, o carro dele fora abalroado por um caminhão na rotatória da Old Street. Morreu quase na hora. Não estava usando o cinto de segurança, disse a polícia. Do contrário, poderia ter sobrevivido.

Alex pensou no homem que fora seu único parente até onde se lembrava. Não conheceu os pais. Morreram num acidente de avião, poucas semanas depois de ele nascer. Foi criado pelo irmão do pai (nunca "tio" - Ian Rider detestava essa palavra) e passou boa parte de seus catorze anos na mesma casa geminada em Chelsea,Londres,entre a King's Road e o rio Tâmisa. Mas só agora Alex percebia que conhecia muito pouco aquele homem.

Gerente de banco.As pessoas diziam que Alex era bem parecido com o tio.Ian Rider estava sempre viajando.Calado,fechado,gostava de um bom vinho,música clássica e livros.Não parecia ter nenhuma namorada - aliás, amigo algum. Mantinha a forma, nunca fumou e vestia roupas caras. Mas isso não bastava. Não retratava a vida dele.Eram apenas alguns detalhes.

"Tudo bem,Alex?"A moça entrou no quarto.Perto dos trinta anos, tinha cabelos ruivos despenteados, rosto redondo e maroto. Jack Starbright era americana.Fora estudar em Londres sete anos antes,alugara um quarto na casa,em troca de alguns serviços de doméstica e de babá, e acabou virando governanta e uma das melhores amigas de Alex. Às vezes, ele tentava adivinhar de onde vinha o apelido Jack. De Jackie? Jacqueline? Nenhum dos dois nomes combinavam com ela e,mesmo que já tivesse perguntado certa vez, Jack não respondeu.

Alex fez que sim com a cabeça."O que você acha que vai acontecer?", perguntou.

"Como assim?"

"Com a casa.Comigo.Com você."

"Não sei." Ela encolheu os ombros em sinal de dúvida."Acho que Ian deve ter feito um testamento.Deve ter deixado instruções."

"Talvez fosse bom procurar no escritório."

"Sim. Mas hoje não,Alex. Uma coisa de cada vez."

22 abril 2009

Não Me Deixe Só - Vanessa Da Mata

20 abril 2009

Lua Nova, de Stephenie Meyer



O Sucesso de Crepusculo fez com que a vampiromania fosse reativada, o segundo livro da série "Crepusculo" volta com a mais fantásticas figuras de fascínio e sedução, o vampiro. Lua Nova fala de um morto-vivo ético, que não bebe sangue humano – e foge das investidas da namorada. E O Vampiro antes de Drácula – antologia de contos – é um bom roteiro para as origens dessa criatura.

Trecho de Lua Nova, de Stephenie Meyer

1. FESTA

EU TINHA NOVENTA E NOVE POR CENTO DE CERTEZA DE que estava sonhando.

Os motivos para minha certeza eram que, primeiro, eu estava de pé em um raio brilhante de sol - o sol claro e ofuscante que nunca luzia em minha nova cidade chuvosa, Forks, no estado de Washington - e, segundo, eu olhava minha avó Marie. Vovó morrera havia seis anos, então era uma prova concreta da teoria do sonho.

Minha avó não mudara muito; seu rosto estava exatamente igual ao que eu lembrava. A pele era macia e murcha, dobrando-se em centenas de pequenas rugas que pendiam delicadas. Como um damasco seco, mas com uma nuvem de cabelo branco e espesso se destacando em volta dele.

Nossas bocas - a dela com rugas ressecadas - se estendiam no mesmo meio sorriso de surpresa, exatamente ao mesmo tempo. Aparentemente, ela também não esperava me ver.

Eu estava prestes a lhe fazer uma pergunta; tinha tantas - O que ela estava fazendo ali, no meu sonho? O que ela andara fazendo nos últimos seis anos? Vovô estava bem, e eles se encontraram, onde quer que estivessem? -, mas ela abriu a boca quando tentei falar, então parei para permitir que ela falasse primeiro. Ela fez uma pausa também e depois nós duas sorrimos com o pequeno embaraço.

"Bella?"

Não era vovó que chamava meu nome, e nós duas nos viramos para ver quem se unira a nossa reuniãozinha. Não precisava olhar para saber quem era; aquela era uma voz que eu reconheceria em qualquer lugar - reconheceria e reagiria a ela, quer estivesse acordada ou dormindo... Ou até morta, posso apostar. A voz pela qual eu pisaria em brasas - ou, sendo menos dramática, pela qual eu chapinharia na lama em cada dia de chuva fria e interminável.

Edward.

Embora eu sempre fiasse emocionada ao vê-lo - consciente ou não -, e embora eu quase tivesse certeza de que era um sonho, entrei em pânico enquanto Edward se dirigia a nós sob o sol reluzente.

Entrei em pânico porque vovó não sabia que eu estava apaixonada por um vampiro - ninguém sabia disso -, então, como eu explicaria o fato de que os feixes brilhantes de sol se dividiam em sua pele em mil fragmentos de arco-íris, como se ele fosse feito de cristal ou diamante?

Bom, vó, deve ter percebido que meu namorado brilha. É só uma coisa que ele faz no sol. Não se preocupe com isso...

O que ele estava fazendo? O motivo para ele morar em Forks, o lugar mais chuvoso do mundo, era que podia ficar ao ar livre durante o dia sem revelar o segredo de sua família. E no entanto ali estava ele, andando elegantemente em minha direção - com o sorriso mais lindo em seu rosto de anjo, como se eu fosse a única presente.

Nesse segundo, desejei não ser a única exceção a seu misterioso talento; em geral eu me sentia grata por ser a única pessoa cujos pensamentos ele não podia ouvir com clareza, como se fossem pronunciados em voz alta. Mas agora eu queria que ele fosse capaz de me ouvir também, assim poderia escutar o alerta que eu gritava em minha cabeça.

Lancei um olhar de pânico para minha avó e vi que era tarde demais. Ela estava se virando para olhar para mim de novo, os olhos tão alarmados quanto os meus.

Edward - ainda sorrindo daquele jeito tão lindo que fazia meu coração parecer inchar e explodir no peito - pôs o braço em meu ombro e virou-se para olhar minha avó.

A expressão de vovó me surpreendeu. Em vez de parecer apavorada, ela me olhava timidamente, como se esperasse por uma repreensão. E ela estava de pé numa posição tão estranha - um braço afastado canhestramente do corpo, esticado e, depois, envolvendo o ar. Como se estivesse abraçando alguém que eu não podia ver, alguém invisível...

Só então, enquanto eu olhava o quadro como um todo, foi que percebi a enorme moldura dourada que cercava as feições de minha avó. Sem compreender, levantei a mão que não estava na cintura de Edward e a estendi para tocá-la. Ela imitou o movimento com exatidão, espelhando-o. Mas onde nossos dedos deveriam se encontrar não havia nada, a não ser o vidro frio...

Com um sobressalto vertiginoso, meu sonho tornou-se abruptamente um pesadelo.

Não havia vovó alguma.

Aquela era eu. Eu em um espelho. Eu - anciã, enrugada e murcha. Edward estava a meu lado, sem reflexo, lindo de morrer e com 17 anos para sempre.

Ele apertou os lábios perfeitos e gelados em meu rosto desgastado.

- Feliz aniversário - sussurrou.

Acordei assustada - minhas pálpebras se arregalando - e arfante. A luz cinzenta e embaçada, a familiar luz de uma manhã nublada, tomou o lugar do sol ofuscante de meu sonho.

Um sonho, disse a mim mesma. Foi só um sonho. Respirei fundo e pulei novamente quando meu despertador tocou. O pequeno calendário no canto do mostrador do relógio me informou que era dia 13 de setembro.

Um sonho, mas pelo menos, de certo modo, bastante profético. Era o dia do meu aniversário. Eu tinha oficialmente 18 anos.

Durante meses, tive pavor desse dia.

Por todo o verão perfeito - o verão mais feliz que tive na vida, o verão mais feliz que qualquer um em qualquer lugar teria e o verão mais chuvoso da história da península de Olympic - essa triste data ficou de tocaia, esperando para saltar sobre mim.

E, agora que chegara, era ainda pior do que eu temia. Eu podia sentir - eu estava mais velha. A cada dia eu ficava mais velha, mas isto era diferente, era pior, quantificável. Eu tinha 18 anos.

E Edward jamais teria essa idade.

Quando fui escovar os dentes, quase me surpreendi com o fato de que o rosto no espelho não mudara. Olhei para mim mesma, procurando por algum sinal de rugas iminentes em minha pele de marfim. Mas os únicos vincos eram os da minha testa, e eu sabia que, se conseguisse relaxar, eles desapareceriam.

Não consegui. Minhas sobrancelhas se alojaram em uma linha de preocupação acima de meus angustiados olhos castanhos.

Foi só um sonho, lembrei a mim mesma de novo. Só um sonho... Mas também meu pior pesadelo.

Não tomei o café-da-manhã, com pressa para sair de casa o mais rápido possível. Não fui inteiramente capaz de evitar meu pai e tive de passar alguns minutos fingindo-me animada. Tentei ficar empolgada de verdade com os presentes que eu pedira para ele não comprar para mim, mas sempre que eu tinha de sorrir, parecia que podia começar a chorar.

Lutei para me controlar enquanto dirigia para a escola. A visão de minha avó - eu não pensava nela como eu mesma - não saía de minha cabeça. Só o que consegui sentir foi desespero, até que parei no estacionamento conhecido atrás da Forks High School e vi Edward curvado e imóvel sobre seu Volvo prata polido, como um monumento de mármore em homenagem a algum esquecido deus pagão da beleza. O sonho não lhe fizera justiça. E ele esperava ali por mim, exatamente como nos outros dias.

O desespero desapareceu por um momento, substituído pela admiração. Mesmo depois de meio ano com ele, eu ainda não acreditava que merecia tanta sorte.

Sua irmã, Alice, estava a seu lado, também esperando por mim.

É claro que Edward e Alice não eram de fato parentes (em Forks, corria a história de que todos os irmãos Cullen tinham sido adotados pelo Dr. Carlisle Cullen e sua esposa, Esme, os dois indiscutivelmente novos demais para ter fi lhos adolescentes), mas sua pele tinha exatamente a mesma palidez, os olhos tinham o mesmo tom dourado, com as mesmas olheiras fundas, como hematomas. O rosto de Alice, como o dele, era de uma beleza incrível. Para alguém que sabia - alguém como eu -, essas semelhanças representavam a marca do que eles eram.

A visão de Alice esperando ali - seus olhos caramelo brilhantes de empolgação e um pequeno embrulho prateado nas mãos - deixou-me carrancuda. Eu disse a Alice que não queria nada, nada mesmo, nenhum presente, nem mesmo alguma atenção pelo aniversário. Obviamente, meus desejos estavam sendo ignorados.

Bati a porta de minha picape Chevy 53 - uma chuva de ferrugem caiu do teto molhado - e andei devagar na direção deles. Alice pulou à frente para me receber, a cara de fada reluzente sob o cabelo preto e desfiado.

- Feliz aniversário, Bella!

- Shhh! - sibilei, olhando o estacionamento para me certificar de que ninguém a ouvira. A última coisa que eu queria era uma espécie de comemoração do melancólico evento.

Ela me ignorou.

- Quer abrir seu presente agora ou depois? - perguntou ansiosamente enquanto seguíamos para onde Edward ainda esperava.

- Nada de presentes - protestei num murmúrio.

Ela por fim pareceu entender meu estado de espírito.

- Tudo bem... Mais tarde, então. Gostou do álbum que sua mãe mandou para você? E a câmera de Charlie?

Suspirei. É claro que ela saberia quais eram meus presentes de aniversário. Edward não era o único membro da família com habilidades incomuns. Alice teria "visto" o que meus pais planejavam assim que eles tomaram a decisão.

- É. São ótimos.

- Eu acho que é uma ótima idéia. Só se chega ao último ano da escola uma vez. Pode muito bem documentar a experiência.

- Quantas vezes você fez o último ano? - Isso é diferente.

16 abril 2009

In Natura - Já Valeu

14 abril 2009

Chico Buarque - Leite Derramado



O Livro de Chico Buarque conta uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.

Primeiro Capitulo:

Quando eu sair daqui, vamos nos casar na fazenda da minha feliz infância, lá na raiz da serra. Você vai usar o vestido e o véu da minha mãe, e não falo assim por estar sentimental, não é por causa da morfina. Você vai dispor dos rendados, dos cristais, da baixela, das joias e do nome da minha família. Vai dar ordens aos criados, vai montar no cavalo da minha antiga mulher. E se na fazenda ainda não houver luz elétrica, providenciarei um gerador para você ver televisão. Vai ter também ar condicionado em todos os aposentos da sede, porque na baixada hoje em dia faz muito calor. Não sei se foi sempre assim, se meus antepassados suavam debaixo de tanta roupa. Minha mulher, sim, suava bastante, mas ela já era de uma nova geração e não tinha a austeridade da minha mãe. Minha mulher gostava de sol, voltava sempre afogueada das tardes no areal de Copacabana. Mas nosso chalé em Copacabana já veio abaixo, e de qualquer forma eu não moraria com você na casa de outro casamento, moraremos na fazenda da raiz da serra. Vamos nos casar na capela que foi consagrada pelo cardeal arcebispo do Rio de Janeiro em mil oitocentos e lá vai fumaça. Na fazenda você tratará de mim e de mais ninguém, de maneira que ficarei completamente bom. E plantaremos árvores, e escreveremos livros, e se Deus quiser ainda criaremos filhos nas terras de meu avô. Mas se você não gostar da raiz da serra por causa das pererecas e dos insetos, ou da lonjura ou de outra coisa, poderíamos morar em Botafogo, no casarão construído por meu pai. Ali há quartos enormes, banheiros de mármore com bidês, vários salões com espelhos venezianos, estátuas, pé­direito monumental e telhas de ardósia importadas da França. Há palmeiras, abacateiros e amendoeiras no jardim, que virou estacionamento depois que a embaixada da Dinamarca mudou para Brasília. Os dinamarqueses me compraram o casarão a preço de banana, por causa das trapalhadas do meu genro. Mas se amanhã eu vender a fazenda, que tem duzentos alqueires de lavoura e pastos, cortados por um ribeirão de água potável, talvez possa reaver o casarão de Botafogo e restaurar os móveis de mogno, mandar afinar o piano Pleyel da minha mãe. Terei bricolagens para me ocupar anos a fio, e caso você deseje prosseguir na profissão, irá para o trabalho a pé, visto que o bairro é farto em hospitais e consultórios. Aliás, bem em cima do nosso próprio terreno levantaram um centro médico de dezoito andares, e com isso acabo de me lembrar que o casarão não existe mais. E mesmo a fazenda na raiz da serra, acho que desapropriaram em 1947 para passar a rodovia. Estou pensando alto para que você me escute. E falo devagar, como quem escreve, para que você me transcreva sem precisar ser taquígrafa, você está aí? Acabou a novela, o jornal, o filme, não sei por que deixam a televisão ligada, fora do ar. Deve ser para que esse chuvisco me encubra a voz, e eu não moleste os outros pacientes com meu palavrório. Mas aqui só há homens adultos, quase todos meio surdos, se houvesse senhoras de idade no recinto eu seria mais discreto. Por exemplo, jamais falaria das putinhas que se acocoravam aos faniquitos, quando meu pai arremessava moedas de cinco francos na sua suíte do Ritz. Meu pai ali muito compenetrado, e as cocotes nuinhas em postura de sapo, empenhadas em pinçar as moedas no tapete, sem se valer dos dedos. A campeã ele mandava descer comigo ao meu quarto, e de volta ao Brasil confirmava à minha mãe que eu vinha me aperfeiçoando no idioma. Lá em casa como em todas as boas casas, na presença de empregados os assuntos de família se tratavam em francês, se bem que, para mamãe, até me pedir o saleiro era assunto de família. E além do mais ela falava por metáforas, porque naquele tempo qualquer enfermeirinha tinha rudimentos de francês. Mas hoje a moça não está para conversas, voltou amuada, vai me aplicar a injeção. O sonífero não tem mais efeito imediato, e já sei que o caminho do sono é como um corredor cheio de pensa­mentos. Ouço ruídos de gente, de vísceras, um sujeito entubado emite sons rascantes, talvez queira me dizer alguma coisa. O médico plantonista vai entrar apressado, tomar meu pulso, talvez me diga alguma coisa.
Um padre chegará para a visita aos enfermos, falará baixinho palavras em latim, mas não deve ser comigo. Sirene na rua, telefone, passos, há sempre uma expectativa que me impede de cair no sono. É a mão que me sustém pelos raros cabelos. Até eu topar na porta de um pensamento oco, que me tragará para as profundezas, onde costumo sonhar em preto­e­branco.

10 abril 2009

Coldplay ft. Jay-Z - Lost+

08 abril 2009

Snow Patrol - Crack The Shutters


Crack The Shutters (electro remix)

04 abril 2009

James Morrison ft Nelly Furtado - Broken Strings

01 abril 2009

Gary Go - Wonderful

 
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