24 fevereiro 2007

Norah Jones - Not too late


Norah Jones, a talentosa cantora, compositora e pianista que conquistou o mundo com seu estilo único, lança um novo álbum, Not Too Late. O terceiro disco pela Blue Note Records traz 13 faixas que apresentam, pela primeira vez, Jones cantando uma variedade de composições próprias que aprofundam-se emocionalmente com sutil leveza e exploram o desígnio de viver em um mundo conturbado.
Produzido por Lee Alexander, baixista da banda de Jones, que também divide os créditos de composição em muitas faixas, Not Too Late exibe uma maturidade confiante, com músicas que oscilam em ritmo e estilo enquanto mantêm a marca fundamental de sua profunda entrega. A artista de 27 anos reconhece que cresceu como compositora, observando que as músicas de seus dois primeiros discos estavam entre as primeiras que ela compôs. "Revendo as canções, são um pouco elementares", ela diz. "Essas músicas novas provavelmente têm mais da minha personalidade porque acho que são um pouco mais complexas. Algumas dessas músicas são sombrias e cínicas, mas há também um sentido de esperança. Por isso o disco é intitulado Not Too Late (não tão tarde). Gostei da mensagem positiva."

Not too late está disponível em três versões
Norah Jones - Not too late (versão simples e versão digipack)
01.Wish I Could
02.Sinkin' Soon
03.The Sun Doesn't Like You
04.Until The End
05.Not My Friend
06.Thinking About You
07.Broken
08.My Dear Country
09.Wake Me Up
10.Be My Somebody
11.Little Room
12.Rosie's Lullaby
13.Not Too Late



Jones estourou na cena pop com sua promissora estréia, Come Away With Me, lançada pela Blue Note em 2002. Ninguém poderia ter previsto o quanto que a sedutora música que fundia jazz, country, blues e folk da artista de então 22 anos ressoaria mundo afora. O disco de originais (dela e de amigos como Jesse Harris) e covers (composições de Hank Williams, Hoagy Carmichael e J.D. Loudermilk) vendeu quase 10 milhões de cópias nos EUA e mais de 20 milhões através do mundo e arrebatou diversos Grammies em 2003. O disco estabeleceu Jones como uma estrela destinada a uma longa carreira de talento artístico na música pop. Ela provou ser uma cantora original com uma voz singular que é frágil e convidativa, com iguais medidas de desejo e devaneio.
"Há três ou quatro anos, eu dizia para as pessoas que gostaria de compor melhor", conta a artista moradora de Nova York que é multi-vencedora do Grammy e cujos álbuns têm vendas multi-platina. Jones observa que não planejou compor todas essas músicas, e diz, referindo-se à turnê passada: "Entrei num clima de compor que persistiu quando voltei pra casa. Adoro interpretar músicas de outros compositores, mas nem sempre me sinto tão próxima delas quanto com minhas próprias canções. Essas músicas são bem mais francas; esse disco é muito mais pessoal".
Dois anos depois, Jones lançou o excelente Feels Like Home, outro disco cativante e profundo que — como o primeiro — era a mistura perfeita de originais de Norah e de seus colegas de banda e covers bem selecionados. Feels Like Home estreou em nº1 nas paradas da Billboard, vendendo então mais de 4 milhões de unidades nos EUA e mais de 10 milhões mundialmente. Ambos os discos foram supervisionados pelo lendário produtor Arif Mardin, que faleceu em junho de 2006.
Em Not Too Late, Jones diz que as sessões foram "divertidas, relaxadas e tranqüilas", em grande parte porque a maioria das faixas foi gravada no estúdio dela e de Alexander. "Esse disco foi feito de forma bem diferente dos dois primeiros", ela diz. "Para aqueles nós agendamos um estúdio por uma semana para gravar, e depois voltamos para mais uma semana alguns meses depois. Foi ótimo, mas havia sempre um prazo final, então tínhamos um tempo limitado. Para esse disco, não houve pressão, nenhum prazo. A Blue Note nem sabia dele; estávamos apenas fazendo aquilo por diversão e para ver o que sairia dali."
Jones explica que muitas das sessões foram gravadas sem reflexão. "Tratou-se sobretudo de perguntar para amigos, 'Ei, está na cidade essa noite? Ótimo. Venha pra cá.' Foi muito solto e envolveu em boa parte amigos e pessoas que os amigos recomendavam." Além da banda núcleo de Jones com Alexander e o guitarrista Adam Levy, vocalista Daru Oda e baterista Andy Borger, convidados no álbum incluem M. Ward e Richard Julian nos backing vocals, Jesse Harris no violão, Tony Scherr na guitarra, Larry Goldings no órgão Hammond B-3, Bill McHenry no saxofone tenor e os violoncelistas Jeffrey Zeigler do Kronos Quartet e Julia Kent.
Quanto à falta de Mardin, Jones diz: "Teria sido bom ter esse terceiro ouvido, aquela terceira opinião. Arif sempre nos supervisionou de uma forma tão boa. Ele era mais um educador que um produtor “tirano”. Ele ouvia todas as nossas idéias e fazia sugestões. E ele sempre se encaixou com nossa equipe. Era nosso amigo."
Enquanto em turnê em 2004 e 2005, Jones carregou um violão, em que compôs a maior parte das músicas, incluindo "Until the End", concebida em uma ilha no Pacífico Sul em um dia chuvoso durante um descanso da turnê, e a balada "Rosie's Lullaby" ("É tão lenta que você sente que está debaixo d’água", ela diz), composta na Austrália. "O violão é simples e muito mais fácil de levar que um piano", ela diz. "Vi que estava criando mais com o violão." Depois que os shows acabaram, ela quis gravar as músicas. Seis das canções criadas na estrada estão em Not Too Late, enquanto outras foram feitas em casa. As faixas, em sua maioria, foram "aprimoradas por Alexander”, diz Jones. "Geralmente eu compunha as músicas e Lee ajeitava as letras. Ele é ótimo nisso."
Quanto ao piano em Not Too Late, Jones diz: "O piano está sempre alto na mixagem, mas não quis que fosse o instrumento principal de ritmo a não ser que estivéssemos tocando algo funky. Sempre gostei da guitarra como o instrumento rítmico". Ela pausa e então observa, "E eu toco violão no disco". Jones toca guitarra na faixa de destaque "Broken", que também traz a "obra-prima de baixo" de Alexander, como Jones diz, em que ele faz 11 overdubs com faixas de pizzicato e baixo com arco. Ela também toca violão em "Wake Me Up", uma faixa lenta e tocante que traz os sons da guitarra lap steel de Alexander. Interessantemente, a faixa de abertura do disco, "Wish I Could", é tocada sem piano. É uma oscilante beleza melancólica tocada em tempo de valsa, com Harris no violão e Zeigler no violoncelo.
Jones diz que mesmo curtindo compor/cantar músicas românticas, ela está indo além desse cenário. "Gosto de compor músicas que não sejam muito previsíveis", ela diz, "músicas com algo mais. E é difícil não ser influenciada pelos noticiários". Então, em "Wish I Could", há uma referência a um ex-amante mandado para a guerra, e na nebulosa "My Dear Country" Jones pesarosamente canta como há coisas muito mais assustadoras do que Halloween. Na romântica "The Sun Doesn't Like You", canção que Jones iniciou enquanto em turnê pelo Brasil, uma sensação de intriga permeia a letra: "We can build a fire/In the open field past the razor wire/Sneak by the dogs when they go to sleep/Bring part of yourself that you'll let me keep” ("Podemos fazer uma fogueira/No campo aberto depois do arame farpado/Passar pelos cachorros quando forem dormir/Traga parte de você que deixe ficar comigo").
Nem tudo foi criado na estrada. A suavemente melancólica "Not My Friend" surgiu depois que Jones assistiu a um filme na cama. "Acho que nunca fiz isso antes", ela diz. "Geralmente gosto de sentar e refletir sobre o filme depois. Mas dessa vez eu compus." Ela observa que viu o filme de novo para ter certeza de que não havia tirado a melodia da trilha sonora. E não tinha. Ela acrescenta: "Foi divertido gravar essas músicas porque nós viramos a fita para conseguir aquele som ‘do avesso’ da guitarra de Adam".
Uma das primeiras faixas que Jones compôs para o disco foi "Be My Somebody", melodia que pôs fim a um bloqueio quando estava em casa sozinha para descansar enquanto Alexander produzia o disco de estréia de Amos Lee. "Eu estava deprimida e não conseguia compor", diz Jones. "Um amigo me deu bons conselhos e quando a música estava pronta o restante foi surgindo mais facilmente." Uma das últimas canções a ficarem prontas foi a faixa-título, uma esperança para as pessoas mudarem apesar de corações já sem sangue e pulmões cheios de fumaça. Jones compôs a música e boa parte da letra há dois anos, mas foi só próximo do final das sessões de Not Too Late que ela deu os toques finais com a ajuda de Alexander.
Jones compôs a maior parte das músicas, mas "Sinkin' Soon" – a faixa mais atípica e divertida do CD, com um som estilo Kurt Weill – foi criada por Alexander com ela fornecendo a ponte musical. "Não estávamos conseguindo tocar a música inteira antes de gravá-la, então saímos pra jantar e beber cerveja", diz Jones. "Acho que precisávamos um pouco daquele clima de marinheiro bêbado porque voltamos e a gravamos de primeira." J. Walter Hawkes faz o solo de trombone, "Pedimos que ele aparecesse porque é um velho amigo e uma completa figura. O solo dele ficou perfeito nessa música". Também foram acrescentados mais tarde backing vocals de M. Ward e a “percussão de panelas” no estilo Tom Waits, incluindo o bule de chá de Jones que não chegou ao fim da sessão intacto.
Duas faixas em Not Too Late remetem ao início da vida de compositora de Jones. A belamente doce "Thinking About You" foi composta em 1999 com Ilhan Ersahin do Wax Poetics quando ela tocava na banda. "Essa música sempre esteve na minha cabeça", diz Jones. "Sempre achei que fosse uma canção muito pop para mim, achei que talvez outra pessoa pudesse gravá-la, e até tentamos fazer uma versão dela para o último disco, mas soou como country-rock. Foi bom finalmente ter encontrado uma forma legal. Quando sete anos se passam e você ainda gosta da música, é porque é boa."
Outra antiga do caderno de Jones é a curta e criativa “Little Room", escrita antes do primeiro disco quando ela morava em um "pequeníssimo" apartamento no East Village com grades na única janela. "Era um quartinho bem descolado", diz Jones, e era também, como diz a letra, um pequeno refúgio para um grande amor. Oda fornece o solo de flauta na música.
Not Too Late representa o próximo passo na evolução artística de Norah Jones. Com ele, ela desafia o destino de sucesso passageiro de tantos de seus colegas de paradas, que estão aqui hoje e desaparecidos amanhã. Jones está aqui para ficar, e Not Too Late é mais uma prova da renovação de sua carreira.

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